BRASÍLIA (Reuters) – Com salários e aposentadorias que devem chegar juntos a 130 mil reais por mês em breve, o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro vão morar em uma casa alugada em um condomínio de classe alta em Brasília e cada um deles vai ter salas exclusivas na sede do Partido Liberal na capital do país para trabalhar, respectivamente, como presidente de honra e presidente do PL Mulher para fazer política.

Bolsonaro chega nesta quinta à Brasília após três meses na Flórida, Estados Unidos, para onde viajou antes do fim do seu governo e o que levou a não passar a faixa presidencial para o atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva. Michelle, que chegou a ir aos EUA, já está em Brasília.

É inédito, desde a redemocratização, a convivência na capital federal de um ex-presidente que não descarta buscar reeleição — e quer liderar a oposição — e um atual ocupante do Planalto.

Só a chegada de Bolsonaro a Brasília mostra impacto na rotina da capital, acostumada a gravitar em torno do presidente: há a expectativa de aglomeração de apoiadores no aeroporto e a previsão de bloqueio de vias da cidade.

+ Com segurança reforçada, Bolsonaro retorna a Brasília nesta quinta sob apelo do PL para que lidere oposição

+ Bolsonaro guardou 3ª caixa de joias e presentes valiosos em fazenda de Piquet

Com domicílio originalmente o Rio de Janeiro, berço político do bolsonarismo, o casal decidiu morar no Solar de Brasília, condomínio fechado de classe alta localizado no Jardim Botânico, um dos bairros mais caros Brasília. A casa de dois andares fica distante cerca de 12 quilômetros do Palácio do Planalto.

O custeio do aluguel, cujo valor é estimado em 12 mil reais por mês, ficará a cargo do casal, segundo uma fonte do PL.

Apesar do valor elevado, Jair e Michelle não deverão ter dificuldades para arcar com a nova morada em Brasília. Eles contarão com ao menos quatro fontes de renda para custear suas despesas que, somadas, devem superar a partir do próximo mês 130 mil reais em valores brutos.

Bolsonaro e Michelle vão receber, cada um, o salário equivalente ao de um deputado federal como presidente de honra do PL e presidente do PL Mulher. Até este mês, o vencimento de um deputado federal está em 39,2 mil reais, mas a partir de abril haverá um reajuste –aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro passado– e ele passará a 41,6 mil reais. Só com esses dois vencimentos, eles vão receber cerca de 83,3 mil reais por mês.

Por ato do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), desde dezembro Bolsonaro também recebe uma aposentadoria do período em que foi de deputado federal, de 1991 a 2018. Esse benefício leva em conta fatores como tempo como parlamentar e de contribuição.

Em dados de fevereiro, último disponibilizado pela Câmara, essa aposentadoria parlamentar de Bolsonaro está em 35,2 mil reais brutos. Contudo, esse valor vai subir a partir de abril com a entrada em vigor do reajuste do salário dos deputados, o que tem efeito automático nas aposentadorias.

O ex-presidente ainda tem uma terceira fonte de renda. A mais antiga delas é a de 11,9 mil reais brutos como militar da reserva, segundo dados do Portal da Transparência.

APOIO A EX-PRESIDENTES

Bolsonaro e nenhum outro ex-presidente recebem qualquer tipo de remuneração do Estado após deixar o comando do país. Eles têm direito, em caráter vitalício, a até seis servidores e outros dois outros veículos com motoristas, para segurança e apoio pessoal.

O custeio de manutenção dos carros e também dos funcionários, mesmo em viagens ao exterior, é feito pelos cofres públicos.

(Por Ricardo Brito – Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)

tagreuters.com2023binary_LYNXMPEJ2S0TV-BASEIMAGE