O prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), empossou seu novo secretariado no fim da tarde desta sexta-feira, 1º de janeiro, prometendo a retomada com eficiência de serviços básicos à população ao mesmo tempo em que precisa enfrentar um rombo nas contas públicas estimado em R$ 10 bilhões. Apesar disso, em seu discurso no Palácio da Cidade, uma das sedes do governo, afirmou que “não irá ficar se lamuriando por essa herança maldita”.

Novo secretário de Fazenda e Planejamento, Pedro Paulo disse que terá uma noção mais exata do tamanho do rombo a partir deste sábado. Há dois desafios no curto prazo: restos a pagar e o salário dos servidores. Assim, a ordem no novo governo é cortar gastos.

Com pouco espaço para investimentos, Eduardo Paes afirmou que irá priorizar os serviços, em especial os voltados aos cidadãos mais pobres. “Eu sempre digo que governar é igual a ter dois filhos, e eu tenho dois. A gente ama os dois filhos da mesma forma, mas às vezes um precisa de mais apoio e atenção do que o outro. E os mais pobres desta cidade precisam de mais atenção do que aqueles que estão em melhores condições sociais”, discursou.

O discurso, aliás, foi recheado de referências ao governo de Marcelo Crivella (Republicanos), mas o ex-prefeito, que está em prisão domiciliar, não teve seu nome citado em nenhum momento – a não ser na entrevista coletiva concedida após a cerimônia.

Em vez disso, o “novo” prefeito usou termos como “meu antecessor” e “gestores incapazes, inaptos”. Também afirmou que o elevado número de mortes por covid-19 na capital fluminense – o total chegou a 14.905 neste dia 1º – se deve em parte “à incompetência da gestão municipal” e “à péssima gestão na saúde”.

Depois, em rápida entrevista coletiva, Eduardo Paes voltou a falar em eficiência, mesmo que tenha aumentado o número de secretarias. “Crivella tinha 12 pastas, nós vamos ter muito mais do que isso. Nós não vamos seguir o modelo de gestão do Crivella. Você ter mais pastas não significa ter mais gastos, ao contrário. É importante que você tenha a representação política adequada”, disse. “Aliás, me contam que eram 12 secretários numa tentativa de criar os 12 apóstolos.”

O prefeito também falou sobre a vacina contra o coronavírus. “Eu estive conversando com vários laboratórios, mas o que você tem de concreto no Brasil é a coronovac e agora, finalmente, saindo a da Fiocruz com a Universidade de Oxford. O que eu estou esperando é o Plano Nacional de Imunização. Eu não me importo se é a vacina de Oxford, se é a coronovac, se é Fiocruz ou Butantã. O importante é o brasileiro ser imunizado”, disse.

Maia

Enquanto o nome de Crivella foi dito apenas de forma indireta na cerimônia, o mais citado foi o do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do mesmo partido do prefeito eleito. Maia ganhou lugar na primeira fila. E, em seu discurso, Paes citou o congressista em pelo menos três oportunidades, a quem definiu como “grande brasileiro”.