Quando Elon Musk ameaçou no Twitter deixar de financiar o provedor de Internet Starlink na Ucrânia, poucos o levaram tão a sério como o comandante responsável da comunicação na frente sul.

O homem mais rico do mundo recorreu à rede social, que comprou posteriormente, para se perguntar se deveria continuar fornecendo o serviço gratuito de Internet via satélite para a Ucrânia.

Mas logo depois, o magnata mudou de ideia.

“Não importa”, escreveu Musk depois que sua ameaça inicial criou furor geopolítico e expôs a crescente dependência do Pentágono da tecnologia espacial privada.

“Embora o Starlink ainda esteja perdendo dinheiro e outras empresas recebam bilhões de dólares dos contribuintes, continuaremos financiando o governo ucraniano de graça”, acrescentou Musk.

O major Roman Omelchenko ainda não tem certeza se o segundo tuíte de Musk foi uma ironia ou se ele realmente pretende continuar pagando pela principal linha de comunicação do exército ucraniano.

Tudo o que ele sabe é que a perda do Starlink o deixaria em apuros em meio à batalha por Kherson.

“Se o perdermos, seria um duro golpe para nossa comunicação”, alertou o chefe de comunicação da 59ª brigada, em entrevista em um local secreto na frente sul.

– Simples e poderoso –

Musk alcançou status de culto na Ucrânia ao enviar milhares de terminais do Starlink nos primeiros dias da invasão russa. A Ucrânia agora tem 20.000 pequenos discos brancos escondidos em toda a zona de conflito.

Sua importância cresceu quando a Rússia começou a atacar a infraestrutura ucraniana com mísseis de longo alcance.

Os apagões geralmente afetam a telefonia móvel e também complicam a comunicação terrestre. A alternativa para os soldados são os antiquados walkie-talkies e antenas parabólicas que levam mais tempo e esforço para montar.

“Ainda temos em estoque”, diz Omelchenko. “Mas você precisa ajustá-los constantemente. Starlink se ajusta sozinho, você não precisa fazer isso manualmente. É muito simples e muito poderoso”, explicou.

– Indetectável –

As ligações dos terminais à constelação de satélites de Musk são quase indetectáveis para os russos, de acordo com Omelchenko. As unidades são conectadas a roteadores básicos que criam pequenos pontos de acesso Wi-Fi.

E é aí que está o perigo.

Omelchenko afirmou que os russos podem localizar o sinal Wi-Fi e usá-lo para direcionar seus ataques.

Portanto, os pontos devem estar em locais ocultos capazes de esconder o sinal Wi-Fi. Ainda assim, todo o sistema é muito fácil de usar.

Omelchenko disse que os soldados podem estabelecer um sinal de trabalho no campo de batalha em questão de minutos, permitindo que eles se conectem com todos, de operadores remotos de drones até soldados e comandantes na zona de guerra.