O potiguar Marcelo Alecrim cresceu no posto de gasolina do pai, localizado no pequeno município de Canguaretama, região canavieira do Rio Grande do Norte. O mineiro Sérgio Cavalieri faz parte da família fundadora do grupo Asamar, que atua nas áreas de incorporação imobiliária, construção e combustíveis. Alecrim tomou gosto pela atividade do pai e montou, em 1996, a primeira distribuidora de combustíveis do Nordeste, a rede Satélite, mais conhecida como SAT. No mesmo ano, Cavalieri, depois de trabalhar com cimento e agropecuária nas empresas da família, partiu para o ramo de combustível, abrindo a distribuidora ALE Combustíveis. A SAT atua no Norte e Nordeste. A ALE, no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Quando uma começou a invadir o espaço da outra, lá pelos lados de Minas Gerais, elas decidiram se juntar, formando a Alesat, a primeira união entre distribuidoras regionais. A nova empresa já nasce com um faturamento de R$ 4,3 bilhões, 1.054 postos de combustível e passa a ocupar a sexta colocação no ranking nacional de distribuição de combustíveis. Terá 3,7% de participação num mercado formado por 170 empresas e que movimenta R$ 100 bilhões. A Alesat está atrás apenas de gigantes como BR Distribuidora, Ipiranga, Shell, Texaco e Esso. A parceria entre as duas distribuidoras promete ser agressiva. A Alesat já anunciou investimento de R$ 125 milhões para inaugurar 700 novos postos em quatro anos. Com isso, somaria 1.754 unidades e encostaria na Esso, que tem 1,9 mil postos.

 

O objetivo da união é claro. A Alesat quer ganhar terreno nas cidades do interior do País e conquistar os donos de postos independentes, que não mantêm contrato com nenhuma distribuidora. Os ?bandeiras brancas?, como são conhecidos, dominam 40% de um mercado formado por 34,5 mil postos de combustível. Representam, portanto, uma ótima oportunidade para quem quer crescer. Dinheiro para os novos planos não será problema. Além da força dos parceiros, a nova empresa conta ainda com o capital de um fundo de investimento americano, o Darby Investments Overseas, que já tem cotas de participação em grupos como Siciliano e a Atlântica Hotéis. Em 2004, o fundo comprou 34% da SAT, com a promessa de adquirir mais 13%. Com o aporte, as vendas da SAT mais que dobraram. Isso chamou a atenção dos mineiros. ?A Ale queria conquistar o Nordeste e a SAT queria fazer o caminho contrário, rumo ao Sudeste. Aí surgiu a idéia da união.?, diz Alecrim, da SAT.

A Alesat contratou uma consultoria para ajudar na adequação operacional da nova empresa. Os sócios calculam que a fusão reduzirá em até 20% os custos administrativos das duas empresas. E isso não é pouco, levando-se em conta que a margem de lucro das distribuidoras é apertada, em torno de 4%. A parte comercial não deve mudar muito com a fusão, já que inicialmente as duas bandeiras continuarão a atuar separadamente. A novidade que a ALE pretende levar para dentro da nova empresa é a sua filosofia de atendimento ao consumidor. Nos postos que levam a sua bandeira, mais de 7 mil frentistas e gerentes já foram treinados, com conceitos que vão desde o modo de se vestir até noções de meio ambiente e conhecimento técnico do veículo. ?O preço do combustível é muito parecido de um posto para outro, temos que ter um diferencial?, diz Cavalieri, presidente do Conselho de Administração da Alesat.