A Trump Organization, empresa familiar de Donald Trump, esteve, nesta segunda-feira (24), no banco dos réus da justiça estadual de Nova York por fraude e evasão fiscal, em um processo penal no qual, no entanto, o ex-presidente não está pessoalmente envolvido.

No entanto, Donald Trump criticou em sua rede, Truth Social, seus adversários políticos, os democratas do presidente Joe Biden, por continuarem com a “caça às bruxas” a duas semanas das eleições legislativas de meio de mandato, em 8 de novembro.

O julgamento penal começou nesta segunda com a escolha do júri, que será encarregado de emitir a sentença em um juízo que pode durar seis semanas, segundo o juiz de instrução Juan Merchan.

O magistrado devia determinar a idoneidade de cada candidato para garantir sua imparcialidade em um julgamento que determinará se a empresa da família do bilionário falsificou documentos contábeis e evadiu impostos.

Na lista das possíveis testemunhas que o juiz tem previsto convocar estão, além do ex-presidente, seus filhos, Ivanka, Donald e Eric Trump. Estes dois últimos são os atuais diretores da empresa, um conglomerado com negócios imobiliários, hotéis e campos de golfe espalhado pelo mundo.

Também será chamado o ex-diretor financeiro da Trump Organization, Allen Weisselberg, próximo de Donald Trump, uma testemunha-chave que trabalhou desde 1973 com os Trump e se declarou culpado em 18 de agosto de 15 acusações de fraude e de evasão de impostos por US$ 1,76 milhão em renda não declarada entre 2005 e 2021.

O ex-executivo de 75 anos, que até agora havia se recusado a depor contra Donald Trump, vinculou a Trump Organization, diretamente, a “uma ampla gama de atividades criminosas”.

– Rendimentos encobertos –

Segundo a acusação, apresentada em 1º de julho de 2021, ele era um dos executivos que “recebia partes substanciais de seus rendimentos através de meios indiretos e encobertos”.

Em sua conta na Truth Social, Trump ironizou, afirmando que tudo o que tinham encontrado sobre Weisselberg, “após ‘torturá-lo’ e ameaçá-lo por anos”, foi que “não tinha pago impostos pelo uso de carros da companhia, o uso de um apartamento da companhia e a educação de seus netos”.

Após o acordo alcançado com a Promotoria para depor, o ex-executivo, que antes de ser diretor financeiro tinha sido contador e controlador da companhia, pagará US$ 2 milhões em ressarcimento e pode ser condenado a cinco meses de prisão.

– Não culpada –

Sob sua supervisão, a empresa da família Trump, que se declarou não culpada, é acusada de ter mantido duas contabilidades em paralelo para omitir os benefícios que tanto ele quanto outros executivos recebiam como complemento salarial.

Se sua culpa for demonstrada, a companhia poderia ser condenada a pagar até US$ 1,7 milhão em multas.

Pessoalmente, Donald Trump não é acusado neste caso, mas é alvo, juntamente com seus três filhos mais velhos, de outra investigação civil a cargo da promotora de Nova York, a democrata Leticia James, que os acusa de ter mentido ao Fisco, a credores e seguradoras em um esquema que alterou o valor de suas propriedades para enriquecer.

O gabinete de James pede US$ 250 milhões em multas ao ex-presidente, que sua família seja proibida de dirigir negócios no estado e seus filhos, Donald Trump Jr, Eric Trump e Ivanka Trump, sejam impedidos de comprar propriedades imobiliárias no estado pelo prazo de cinco anos.

O ex-presidente, que embora não tenha anunciado oficialmente sua candidatura às eleições presidenciais de 2024, não esconde suas ambições, considera que as investigações da promotoria de Nova York são uma “caça às bruxas” com motivações políticas.

Este julgamento é mais um das muitas ações penais e cíveis contra Trump, que foi intimado a depor pela comissão do Congresso que investiga o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Em outro caso, enfrenta acusações do Departamento de Justiça por possível obstrução da justiça e ocultação de documentos confidenciais subtraídos da Casa Branca.