O julgamento da filial francesa da Ikea, acusada de ter criado um sistema de vigilância ilegal de seus funcionários, incluindo os sindicalistas, começou nesta segunda-feira (22), em um tribunal penal em Versalhes, perto de Paris.

A filial da gigante sueca de móveis – processada como pessoa jurídica e legalmente representada por sua CEO e CFO, Karine Havas – enfrenta uma multa de até 3,75 milhões de euros (US$ 4,4 milhões).

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Outras 15 pessoas estão sendo julgadas, entre elas gerentes de loja, policiais e ex-executivos, como o ex-CEO Stefan Vanoverbeke (2010-2015) e seu antecessor Jean-Louis Baillot.

Revelado em 2012 pelo semanário satírico Le Canard Enchaîné e pelo site Mediapart, o caso foi denunciado por um sindicato e levou à demissão de quatro executivos da empresa.

Segundo a Procuradoria de Versalhes, a investigação revelou a existência de um “sistema de espionagem” dos funcionários, assim como de candidatos a emprego, que se estendia por todo país.

De acordo com a acusação, foram coletadas informações de centenas de pessoas, incluindo sindicalistas. Seus antecedentes criminais e estilo de vida foram analisados em detalhe.

“Este é um julgamento que deve ser exemplar”, disse Adel Amara, ex-delegado do sindicato FO em uma loja da Ikea em Franconville (Val-d’Oise), antes da audiência.

“Estamos aqui hoje para demonstrar que há esse tipo de manobra nas empresas que vigiam os sindicatos e, sobretudo, os empregados”, afirmou o secretário-geral do sindicato CGT no setor de comércio e serviços, Amar Lagha.

Segundo alguns advogados da defesa, a investigação tem muitos pontos fracos.

Olivier Baratelli, advogado da ex-diretora de recursos humanos Claire Héry, disse que vai defender a anulação do caso, denunciando uma “fábula fabricada pelos sindicatos”.

O julgamento deve durar até 2 de abril.