Um estudo apontou que comer menos e reduzir cerca de 30% das calorias diárias nos permitiria viver mais, além de correr menos risco de sofrer doenças associadas ao envelhecimento, como o câncer, Alzheimer e diabetes.

Esse é o estudo mais detalhado já realizado para esclarecer o que acontece com um corpo quando é submetido a essa restrição calórica. Seus resultados indicam muitos fatores fundamentais, como quais genes e moléculas são responsáveis pelo envelhecimento e traçam novas vias para alcançar possíveis fármacos que consigam algo a priori impossível: parar o tempo, deter o envelhecimento.

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O trabalho oferece o atlas celular mais detalhado do envelhecimento em um mamífero e os efeitos benéficos de moderar a dieta. A equipe usou a nova tecnologia de análise genética célula a célula para analisar cerca de 200.000 células de nove órgãos e tecidos diferentes de camundongos. Em um grupo havia roedores que comiam o que queriam e no outro animais que comiam 30% menos calorias.

Os pesquisadores usaram apenas camundongos adultos que estudaram dos 18 aos 27 meses de idade, o que em humanos equivaleria a um acompanhamento entre os 50 e os 70 anos. Isso é importante, pois os estudos realizados em primatas mostraram que os benefícios de comer menos só são evidentes em indivíduos adultos, na metade ―mais ou menos― de suas vidas.

Os resultados, publicados na revista Cell, fornecem um catálogo completo de todas as mudanças que acontecem com a idade e a dieta, tanto dentro de cada célula quanto na comunicação entre elas. Os pesquisadores detectaram que os genes e processos moleculares mais afetados pela idade têm a ver com o sistema imunológico ―que se desregula nos camundongos que comem à vontade―, a inflamação e o metabolismo. A quantidade de células imunes em quase todos os tecidos aumentou com a idade, mas isso não ocorreu nos camundongos com calorias reduzidas, que tinham níveis comparáveis aos de camundongos jovens de cinco meses. Os camundongos em restrição calórica não mostravam mais da metade de todos os marcadores de envelhecimento identificados em seus companheiros com uma dieta normal.

As evidências de que a restrição calórica prolonga a vida das pessoas são mais limitadas, em parte por causa do desafio logístico e econômico de acompanhar a vida e a dieta de centenas ou milhares de pessoas durante décadas, mas há evidências claras de que comer menos melhora os marcadores básicos de saúde. Já estão começando os primeiros estudos para tentar não tratar uma doença específica, mas atacar o envelhecimento com moléculas como a metformina, aprovada para tratar o diabetes