12/10/2024 - 7:37
Retornando depois de passar perto do Sol, o cometa Tsuchinshan-Atlas será visível em todo o hemisfério norte a partir deste sábado (12) à noite e por “cerca de dez dias”, seguindo o curso de uma jornada que começou há milhões de anos.
O corpo celeste, cujo nome exato é C/2023 A3, foi observável a olho nu desde o final de setembro até o início de outubro nos trópicos e na metade sul do planeta.
O cometa foi detectado na noite de sexta-feira na América do Norte, disse à AFP Eric Lagadec, astrofísico do Observatório Côte d’Azur (sul da França). Anteriormente, “não podíamos observá-lo quando estava entre a Terra e o Sol”, explicou.
Lá estava prestes a desaparecer, já que foi atingido pela tempestade solar que chegou à Terra na quinta-feira e provocou auroras boreais.
Quando os cometas se aproximam do Sol, o gelo dos núcleos sublima, ou seja, passa diretamente do estado sólido para o gasoso, liberando um longo rastro de poeira que reflete a luz, ao mesmo tempo em que libera gases.
Nesse processo, uma nuvem característica – chamada de coma – se forma ao redor de seu núcleo e o cometa corre o risco de se desintegrar.
O pequeno corpo de rocha e gelo foi detectado pela primeira vez em janeiro de 2023 pelo Observatório da Montanha Púrpura da China (Tsuchinshan) e a sua existência foi confirmada por um telescópio do programa Atlas sul-africano.
A partir deste sábado, será visível em todo o hemisfério norte “durante cerca de dez dias” quando se olha para oeste e “um pouco mais alto” no céu a cada noite, disse Lagadec.
No entanto, “cada dia será um pouco menos brilhante” à medida que se afasta do Sol, esclareceu.
A menos que haja obstáculos que alterem a sua trajetória, o Tsuchinshan-Atlas não voltará para perto da Terra em até 80 mil anos, concluiu o especialista em cometas.
Com base na sua órbita e em alguns modelos, estima-se que possa ter percorrido até 400 mil vezes a distância entre a Terra e o Sol antes de chegar até nós.
É uma viagem de milhões de anos para este cometa, que provavelmente nasceu na nuvem de Oort, uma bolha no limite do sistema solar onde hipoteticamente existem pequenos planetas e corpos celestes.