A rede de varejo Casas Bahia anunciou na noite de domingo, 28, que fez um pedido de recuperação extrajudicial, citando dívidas de R$ 4,1 bilhões e que já conta com apoio do Bradesco e Banco do Brasil, seus principais credores.

O plano inclui alongamento de amortização de dívida, incluindo carência de 24 meses para pagamento de juros e de 30 meses para pagamento de principal. Além disso, a estratégia inclui possibilidade de credores apoiadores converterem parte de dívida em participação na empresa.

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A dívida citada no pedido envolve as sexta, sétima e oitava emissões de debêntures a mercado e a nona emissão de debêntures “e certas CCBs emitidas junto a instituições financeiras”, afirmou a companhia em fato relevante. Segundo a empresa, o plano não envolve dívidas operacionais com fornecedores e parceiros e não impacta trabalhadores ou clientes.

A empresa afirmou em divulgação ao mercado que conta com apoio de credores detentores de 55% de sua dívida financeira sem garantias, o que, segundo a companhia, já permite a homologação do plano.

Antes do acordo, a Casas Bahia teria pela frente este ano pagamentos de R$ 1,24 bilhão em amortizações e 313 milhões em juros.

Empresa teve prejuízo acumulado de R$ 2,6 bilhões

Com o pedido, a Casas Bahia reforça grupo de varejistas no país que tem sido obrigado a renegociar com credores desde o escândalo criado com o rombo contábil na Americanas, revelado em janeiro do ano passado e que afetou o nível de crédito ao setor.

No último trimestre de 2023, o Grupo Casas Bahia reportou um prejuízo contábil de R$ 1 bilhão, uma forte piora na comparação com os R$ 163 milhões negativos do ano anterior, e o sexto resultado negativo seguido. A última vez em que registrou lucro foi no segundo trimestre de 2022 – de R$ 16 milhões. No ano de 2023, o prejuízo acumulado chegou a R$ 2,62 bilhões, ante perda de R$ 342 milhões no ano anterior.

Nos últimos três meses do ano passado, a Casas Bahia realizou o fechamento de 17 lojas. Mas desde o início da reestruturação, foram 55 unidades encerradas.

Segundo a Casas Bahia, o “reperfilamento” da dívida preservará cerca de R$ 4,3 bilhões no caixa da companhia nos próximos quatro anos. Além disso, o prazo médio da dívida sairá de 22 para 72 meses, com redução de 1,5 ponto percentual no custo médio, “que representa uma economia de 400 milhões de reais no período”, afirmou a empresa.

Agora, a empresa somente vai retomar os pagamentos a partir de 2026, com 150 milhões de reais em amortização e 103 milhões em juros. Porém, terá pela frente em 2030 pagamentos de 2,58 bilhões de reais em amortizações e 1,9 bilhão em juros.

Segundo a Casas Bahia, o acordo “traz ainda mais confiança e segurança” a todos os fornecedores, parceiros, clientes e funcionários do grupo.

“Este acordo, já aprovado por nossos principais credores financeiros, estava entre nossas metas prioritárias para o ano e, graças ao trabalho já feito até aqui, pudemos concluí-lo antes do previsto”, disse o presidente-executivo da Casas Bahia, Renato Franklin, em comunicado à imprensa.