A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, de suspender decretos que flexibilizavam a compra e o porte de armas, sob a alegação de que o início da campanha eleitoral “exaspera o risco de violência política”, irritou profundamente o presidente Jair Bolsonaro e foi interpretada como mais uma ingerência do Judiciário sobre o Executivo.

Esse fato pode ajudar a acirrar o tom dos discursos do presidente amanhã. Ensaio disso foram os cinco tuítes publicados na noite de segunda-feira (5) por Bolsonaro atacando as medidas de Fachin, sem citá-lo. No último post, o presidente afirma: “Uma ação autoritária nunca é assim chamada por seu autor. Pelo contrário, ela aparenta combater supostas ameaças para que seja legitimada. Assim, abusos podem ser cometidos sob o pretexto de enfrentar abusos. Esse é o mal das aparências, elas favorecem os verdadeiros tiranos”.

+ 7 de setembro em Copacabana: prefeitura, estado e militares finalizam preparativo

Por outro lado, a decisão de Fachin foi anunciada cerca de quatro horas depois de Eduardo Bolsonaro usar seu Twitter para convocar quem comprou arma legal, tem clube de tiro ou frequenta algum, a se transformar em um voluntário de Bolsonaro.
De acordo com apurações no STF, a decisão de Fachin nada tem a ver com postagem de Eduardo. Mas este tuíte do deputado causou uma enorme preocupação até entre integrantes do governo.

A tensão em Brasília começou a dar sinais mais visíveis na noite de segunda-feira. O governo do Distrito Federal decidiu antecipar para as 20 horas de ontem o fechamento da Esplanada dos Ministérios após verificar que vários caminhões e ônibus estavam se dirigindo para a área central da cidade, a fim de se instalarem para as manifestações de amanhã.

O fato acendeu luz amarela na segurança da capital, uma vez que remeteu ao que ocorreu no ano passado, quando caminhões chegaram muito perto do STF. Além de tudo isso, nesta terça-feira (6) foi o aniversário de 4 anos da facada contra o presidente Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora. Embora a agenda oficial tenha apenas uma cerimônia no Itamaraty, o dia é propício para discursos acirrados.