A coach e consultora Chen Lizra é uma estudiosa da arte da sedução. Criada em Israel e no Canadá, ela é formada em administração de empresas, com ênfase em negócios internacionais, e dançarina profissional. Foi por conta do seu interesse na dança que começou a viajar para Cuba, em 2005. O contato com o país a despertou para o poder de sedução dos cubanos e a levou a estudar o assunto.

Os anos se passaram, ela se tornou palestrante do TED e hoje suas palestras sobre já foram vistas mais de quatro milhões de vezes no YouTube.

Botões emocionais

O argumento de Chen é que a sedução é uma forma de elevar a autoestima, o que tem desdobramentos em todos os aspectos da vida de uma pessoa. Como desenvolve a autoconfiança, ter consciência do poder sedutor é um caminho para levar ao sucesso profissional.

Segundo ela, dominar a arte da sedução significa aprender onde estão os botões emocionais e acioná-los. Porque onde existe um desejo real, mesmo que oculto, é possível atraí-lo para fora. E aqui vai um detalhe importante: a sedução é um poder que todos têm, mas muitos não sabem que o possuem e por isso não o utilizam.

Capital erótico

Assisti recentemente pelo YouTube à palestra de Chen. Isso me fez lembrar do trabalho da cientista social Catherine Hakim, do Centre for Policy Studies, de Londres. Ela ganhou os holofotes um tempo atrás por conta do livro “Capital Erótico– pessoas bem atraentes são mais bem-sucedidas. A ciência garante” (Editora Best Business). No fundo, Catherine e Chen abordam de forma complementar o mesmo universo.

Analisando mais especificamente o que diz Catherine – embora essa visão também seja válida em relação a Chen -, o capital erótico é um componente importante para o sucesso, seja profissional, seja do ponto de vista das relações pessoais em geral. Isso tem um peso ainda maior nas áreas em que os contatos sociais e a exposição são maiores, como comunicação, mídia, marketing, internet e negócios. Mas calma lá. Para evitar mal-entendidos, vamos entender isso direito.

Catherine explica que o capital erótico é um talento que pode e deve ser desenvolvido. Ela define capital erótico como uma combinação de beleza, sex appeal, capacidade de apresentação pessoal e habilidades sociais.

Mulheres em vantagem

E atenção, mulheres: o público feminino leva uma grande vantagem nesse quesito. Razão: os homens sofrem – segundo Catherine, é bom ressaltar – de um déficit de sexual, ou seja, eles têm mais desejo sexual, o que os deixa frustrados. “Isso exerce uma influência subliminar nas atitudes dos homens em relação às mulheres, especialmente no âmbito pessoal, mas também no profissional”, diz Catherine, que afirma no livro haver evidências e estudos acadêmicos que comprovam a tese.

Escreve ela: “Ainda que a rentabilidade do poder erótico esteja concentrada em determinadas ocupações, diversos estudos demonstram que existe um ‘adicional por beleza’ de 10% a 20% no salário, distribuído por toda a força de trabalho, assim como os 10% a 20% acrescidos pela altura”.

No livro, ela explica por que as mulheres ainda se beneficiam menos do capital erótico que os homens. “Minha resposta é que os homens patriarcais tentam impedir as mulheres de ganharem benefícios com seu capital erótico. E, infelizmente, as feministas radicais engoliram a ideologia patriarcal, em vez de rejeitá-la.”

Como se vê pelo trabalho de Chen e Catherine, a sedução é uma arte que pode ser desenvolvida e possui efeitos em diversos campos de atividade. E tem um valor social elevado, como bem mostra Catherine e seus estudos sobre o capital erótico.