A apresentadora Ana Maria Braga mostrou no programa Mais Você (TV Globo) desta quinta-feira, 13, o quanto economizou nos últimos três meses com a instalação de placas para energia solar na sua fazenda: um total de R$ 10.694,79 comparando os meses de agosto, setembro e outubro de 2025 com os mesmos meses de 2024, o que representa uma redução de 75% nos gastos.

Em 2024, em nenhum dos três meses a apresentadora gastou menos de R$ 4 mil com a energia elétrica; em 2025, o maior gasto foi em setembro, com R$ 1.934,63. Ana mencionou sua experiência particular enquanto falava da energia solar em comunidades da Amazônia, onde ocorre a COP-30, evento anual global que debate como evitar os piores cenários das mudanças climáticas.

“Fiquei surpresa com a economia. É um assunto pessoal meu, eu sei, mas eu acho que vale contar, porque você não faz ideia do que é reduzir a despesa”, disse a apresentadora durante o programa matutino.

Se você quiser fazer como Ana Maria Braga e instalar placas solares no local onde vive, pode demorar um pouco mais do que ela para ter retorno sobre o investimento, mas conseguiria com a economia na conta de luz ao longo do tempo.

Sol é para todos, placas solares são para poucos?

Segundo Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o custo de instalação de placas solares na casa de uma família de três ou quatro pessoas ficaria em torno de R$ 11 mil ou R$ 12 mil.

Já Patrick Schaaffhausen, CEO do Descarbonize, grupo empresarial que conta com empresas que fazem a instalação, faz uma estimativa maior: de R$ 16 mil a R$ 20 mil, para uma família de três ou quatro pessoas com consumo em torno de R$ 400 a R$ 600 por mês – já com equipamentos, projeto homologado na concessionária de energia e instalação.

Como a ‘mágica’ acontece?

Uma vez que os equipamentos estejam instalados, a energia gerada nas placas flui para a utilização na casa, que recorre ao sistema geral apenas em caso de necessidade. Essa energia das placas não pode ser cobrada, o que causa a economia.

O tempo necessário para recuperar o investimento depende do consumo da residência, da incidência de sol e da quantia investida, mas, segundo Koloszuk, a média é de três anos e meio. Atualmente, há diversas empresas que instalam placas solares no telhado de residências, e algumas permitem simular em seus sites a economia.

A instalação dura um ou dois dias, após a busca por um local no telhado ou propriedade em que não haja sombra. “Na maioria dos casos, não é necessário refazer a fiação. A instalação é feita a partir do quadro de energia já existente, e o instalador realiza apenas as adequações pontuais para garantir a segurança e o funcionamento correto do sistema”, comenta Schaaffhausen.

Para quem mora em apartamento e não tem a possibilidade de instalar placas solares no lugar onde mora, a alternativa é comprar energia solar de usinas de geração compartilhada. “Ela vai pagar mais barato do que paga hoje na sua conta de energia, vai ter um deságio, um desconto que varia de empresa para empresa”, afirma o conselheiro da Absolar.

De acordo com Koloszuk, hoje quem mais investe na energia solar é a classe média. “A energia solar hoje deixou de ser uma tecnologia para pessoas ricas. Para quem mora em regiões vulneráveis, como favelas, já tem várias instalações, inclusive na Rocinha e em outras, abastecendo ali pequenos comércios e restaurantes”, relata, destacando o trabalho de ONGs que colocam as placas e ensinam os próprios moradores a instalar.

Quem mora em áreas afastadas pode obter a energia solar por meio de baterias, mesmo que não esteja conectado à rede elétrica. “É importante a avaliação técnica local, mas o sistema é bastante flexível em termos de instalação. Pode inclusive ser instalado em regiões remotas, criando uma solução independente de energia”, comenta Schaaffhausen.

“A energia solar já tem mais de 100 linhas de financiamento. O investimento no sistema solar consegue financiar e a conta da prestação fica praticamente igual a que a pessoa pagava na conta de energia até recuperar o investimento, e com uma energia limpa. Hoje você tem energia solar em todas as camadas sociais”, acredita.

Segundo pesquisa da Absolar de março de 2025, a energia solar está instalada hoje em 5 milhões de imóveis no Brasil, tendo ocorrido um crescimento de 42,86% entre 2024 e 2025. Com isso, a modalidade chegou a 37,4 GW de potência instalada no País.

Considerando a capacidade de grandes usinas fotovoltaicas conectadas no Sistema Interligado Nacional (SIN), de 17,6 GW, a fonte solar alcançou 55 GW no Brasil. Isso representa 22,2% da matriz elétrica brasileira (250 GW), o que lhe confere a posição de segunda maior fonte do País, atrás da hidrelétrica (44,6%) e à frente da eólica (13,4%).

Outro ponto é que o consumidor passa a ficar livre da mudanças de bandeiras tarifárias que tornam a conta mais cara – sistema adotado pelo governo quando há pouca chuva e as usinas hidrelétricas têm dificuldades para gerar energia, obrigando a utilização de usinas termelétricas, mais caras. “A energia solar traz autonomia para o consumidor, é uma forma do consumidor sair do mercado cativo, quando não pode trocar de fornecedor”, resume Koloszuk.