Colocar dinheiro em criptoativos pode ampliar ganhos e garantir uma rentabilidade alta para o futuro, apontam especialistas de empresas de investimentos. É recomendado, porém, destinar percentuais pequenos da carteira para esses ativos, já que são em geral extremamente arriscados.

“O percentual do patrimônio ideal para o investidor tradicional conservador não deve passar de 5%”, afirma o especialista em cripto na Financial Move, Tasso Lago. “Mas quem quiser tomar mais risco e buscar conhecimento pode se aventurar com percentuais maiores.”

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Chefe de investimentos internacionais da Nomos, Bruna Allemann também recomenda o teto de até 5% da carteira. “No máximo você vai ganhar muito dinheiro, no mínimo você vai perder 5% ou vai resgatar aquele 5% que você colocou”, diz.

Por onde começar

O nome criptoativos abarca uma grande quantidade de moedas virtuais que utilizam a tecnologia blockchain. Cada uma possui regras específicas de funcionamento, que regem os investimentos feitos nelas.

Assim, o primeiro passo para quem deseja entrar neste mercado é estudar os ativos.  “A pessoa pode procurar por conta própria através de portais de notícia, através do tradeview, que é uma ferramenta de gráfico, e através do site das próprias corretoras ou também contar com conteúdos pagos desse nicho”, diz Lago.

É preciso buscar então uma exchange confiável, que “nada mais é do que a corretora para criptomoeda.” São responsáveis por operar as transações de compra e venda dos criptativos.

Além da corretora, a especialista recomenda pesquisar uma carteira digital segura. “Na corretora em si, por exemplo, como uma Binance, Mercado Bitcoin, ela [a carteira de investimentos] ainda está muito fragilizada a golpes”, diz.

As carteiras são mecanismos digitais específicos para armazenar as criptomoedas. Funcionam como um aplicativo de banco para manter a segurança dos ativos. Assim, as compras e vendas feitas através da corretora irão tirar ou depositar as quantias nestas carteiras. Allemann menciona a Wallet como exemplo de uma carteira digital em que confia.

O que esperar dos rendimentos

Tasso Lago considera que uma boa carteira de criptomoedas pode ter rendimentos mais altos do que qualquer outro ativo, incluindo bolsas de valores. “Acredito que uma rentabilidade acima de 20 vezes em 10 anos é plenamente plausível”, diz.

Em sua tese de mestrado na Université de Bordeaux, Lago orientou que a parte de 3% da carteira de um investidor colocada em criptomoedas tem potencial para aumentar através da valorização até 20% ou mais de rentabilidade do portfólio como um todo.

Por considerar que a criptomoeda mais popular do mundo, o bitcoin, pode se tornar uma reserva de valor tão importante quanto o ouro, Lago projeta um crescimento da moeda digital semelhante ao do metal precioso.

“É plausível prever o Bitcoin em 120-150 mil dólares até 2026, o que daria um retorno de até uns 171% do valor atual, ou R$ 10 mil virariam R$ 27 mil. Para 2030, é possível que o Bitcoin chegue nos 300 a 400 mil dólares”, estima.

Riscos

Segundo Bruna Allemann, para que as projeções otimistas sobre as criptomoedas concretizem-se, é necessário que a aceitação delas seja pulverizada na maior parte da sociedade. A especialista traça inclusive um paralelo com o dinheiro em si.

“A ideia central é que esse valor do dinheiro, e de muitas outras coisas, não está no objeto em si, mas na confiança e neste acordo coletivo das pessoas sobre esse valor”, explica Allemann.

Allemann acredita no entanto que já há sinais de aceitação do bitcoin e das criptos, como o seu uso para driblar as restrições na Índia à retirada de capital do país, a aceitação da Ucrânia de doações em cripto e a grande quantidade ETFs de criptoativos já negociadas em bolsas de valores ao redor do mundo.

Ainda que as criptomoedas encontrem uma valorização e aceitação no futuro, o percurso até lá será muito inconstante. “A volatilidade desse mercado é maior que a volatilidade de ações do mercado tradicional brasileiro ou até mesmo do S&P e Nasdaq”, afirma Lago.

Como mitigar os riscos

Quem decide investir em critpoativos ainda deve manter a maior parte de seus investimentos em aplicações mais seguras, além de possuir previamente uma reserva de emergência equivalente a pelo menos seis meses do seu custo de vida.

Com uma reserva de emergência, você garante que não precisará resgatar os investimentos em um momento de baixa e perder rentabilidade.

Mesmo dentro da parte da carteira destinada a cripto, também é importante também manter uma diversificação. “É interessante que o portfólio do investidor de criptomoedas esteja pelo menos de 50% a 60% em criptomoedas de baixo risco”, alerta Lago.

Como exemplo de criptos de baixo risco, ele cita o famoso Bitcoin, a Ethereum e a Chainlink. O especialista classifica ainda moedas de risco médio (como LDO e Uniswap) e de alto risco (moedas mais novas,como Box e Merlin).

Mercado de criptoativos no Brasil

A compra dos ativos cripto por brasileiros já supera US$ 10 bilhões. Os dados fazem parte de um relatório apresentado na segunda-feira, 26, pelo Banco Central. Foram US$ 10,788 bilhões em aquisições, contra receitas de US$ 792 milhões, o que resulta em um saldo líquido do período negativo em US$ 9,997 bilhões.

Só em julho foram aquisições de US$ 1,424 bilhão e liquidação de US$ 55 milhões, totalizando saídas de US$ 1,369 bilhão.

Nos primeiros sete meses de 2023, o saldo líquido era de US$ 5,921 bilhões, com compras de US$ 6,101 bilhões e vendas de US$ 180 milhões.

(*com informações do Estadão Conteúdo).