08/08/2007 - 7:00
“Adquirimos grandes volumes e a economia obtida nas compras vai direto para o lucro” IVANI OTANI, DIRETORA
O nome desta empresa não é imediatamente reconhecido, e poucos no grande público sabem explicar o que ela faz. Curioso, já que, nos bastidores, ela reina absoluta em seu mercado, dona de contratos com grupos do porte de Wal-Mart, Nestlé, Femsa e LG Philips, só para citar alguns. Conheça a Aquanima, filial global do grupo Santander especializada na terceirização de compras e na consultoria em processos de abastecimento. Ela acaba de desembarcar no País, depois de completar a fusão com a brasileira Procura Digital, do mesmo segmento. A missão: ajudar empresas de diversos setores a identificar, negociar e cortar custos em compras corporativas. “Toda companhia quer reduzir gastos. Nós centralizamos as compras de todos os clientes e, assim, adquirimos grandes volumes. Isso nos confere alto poder de negociação com fornecedores e garante melhores condições aos clientes”, explica Ivani Otani, diretora geral da Aquanima Brasil. “A economia obtida vai direto para o lucro.”
A “terceirização das compras” ainda é um conceito experimental, mas fontes que acompanham o setor dizem que veio para ficar. “Assim como aconteceu no passado com a logística, há uma tendência forte de terceirizar as compras de bens, materiais e serviços com especialistas”, diz Roberto Rinaldi Júnior, presidente da ProBusiness, que atua em modelagem organizacional e gestão. Estudos indicam que 43% do faturamento das empresas são gastos com compras. Com a estabilização da economia e a abertura do mercado nos últimos dez anos, a competição entre grupos estrangeiros e nacionais ficou mais acirrada e forçou uma redução de custos, o que inclui, por exemplo, a terceirização. Muitas vezes, o corte de custos tem como alvo a redução no quadro de funcionários. “Hoje, as corporações buscam alternativas, pois verificaram que quando cortam mão-de-obra perdem capital intelectual e desmotivam os que ficam. Depois, precisam investir tudo de novo em treinamento e ajustes”, avalia Almiro dos Reis Neto, presidente da consultoria Franquality, especializada em desenvolvimento.
Dois tipos de motivações levam clientes para a Aquanima. Primeiro: os grupos que desativam seus departamentos de compras para focar os esforços na atividade principal. Segundo: empresas que querem aprimorar a operação para serem vendidas. A ferramenta mais usada para baixar os gastos com compras são os leilões reversos eletrônicos. Neles, os fornecedores concorrem entre si via internet para definir qual deles disponibilizará produtos e serviços pelo menor custo. A economia verificada nas aquisições tem sido de 20%, em média. E como a Aquanima só cobra departamentos de compras para focar os esforços na atividade principal. Segundo: empresas que querem aprimorar a operação para serem vendidas. A ferramenta mais usada para baixar os gastos com compras são os leilões reversos eletrônicos. Neles, os fornecedores concorrem entre si via internet para definir qual deles disponibilizará produtos e serviços pelo menor custo. A economia verificada nas aquisições tem sido de 20%, em média. E como a Aquanima só cobra se trouxer economia real (a chamada política do “success fee”, ou taxa de sucesso), os negócios dispararam. Em 2006, o volume negociado pela Aquanima nos países onde atua foi de 4,2 bilhões de euros (R$ 10,7 bilhões) – crescimento de 75% sobre 2005 e de 1.212% sobre 2001, o ano da fundação. Otani prevê que a filial brasileira contribua com outros R$ 2 bilhões já em 2007. Isso porque a cartela de clientes conta com 26 nomes de peso, como Magazine Luíza, um das maiores redes de varejo do País. O próprio Santander confia 85% das compras à filial. No fim das contas, o Brasil tem muito potencial. Mas, para o grupo, é uma etapa, o trampolim para o ainda inexplorado mercado latino-americano. Rinaldi avisa: “Há um grande mercado e gente se capacitando para explorá-lo”.