Em 1973 o Brasil vivia seu Milagre Econômico, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima dos 14%. No campo, porém, a situação era muito diferente. O País tentava se adaptar aos conceitos e tecnologias vindas de fora para elevar a produção agrícola, mas faltava gente especializada e conhecimento específico sobre a agricultura tropical. Com baixo rendimento e pouca produção, as imensas terras cultiváveis do Brasil não conseguiam colher nem 30 milhões de toneladas de grãos, menos de 10% do que se espera colher nesta safra. Um fato, porém, mudou toda a história naquele ano. Com a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, no dia 26 de abril de 1973, o agronegócio passou a ser encarado como prioridade nacional. Passados 50 anos, o desenvolvimento é extraordinário e a história do País pode ser dividia em antes e depois da Embrapa.

Principal instrumento para a reformulação da pesquisa agropecuária brasileira, a empresa foi parte efetiva da revolução agrícola que tornou o Brasil um dos líderes mundiais na agricultura, deixando para traz a condição de insegurança alimentar. Nas últimas cinco décadas, graças à pesquisa agropecuária, o Brasil não só aumentou a produção de grãos como o rebanho bovino dobrou sem elevar a área de pastagens na mesma proporção. A produtividade da cafeicultura foi triplicada e a produção de carne e de frango aumentou em 59 vezes. Hoje pode-se dizer que a criação da Embrapa foi estratégica para o País, que tem no setor agroindustrial mais de 20% da base de sua economia. Atualmente, o Brasil não é apenas uma referência em agricultura, mas também se tornou uma indicação global em ciência e tecnologia agrícola.

+ Lucro social da Embrapa em 2022 foi de R$ 125,88 bilhões, diz Celso Moretti

+ Padilha: Já condenei ações do MST em terras da Embrapa; há outras formas de luta

E os números da empresa de pesquisa só confirmam sua importância. A Embrapa é hoje uma das maiores instituições de pesquisa do mundo tropical, com 7.790 empregados, dos quais 2.190 são pesquisadores, 10,05% com mestrado e 89,59% com doutorado. Seu orçamento é de R$ 3,62 bilhões por ano. Sua estrutura lidera uma rede nacional de pesquisa agropecuária que, de forma cooperada, executa pesquisas nas diferentes áreas geográficas e campos do conhecimento científico. Além dos seus 43 centros de pesquisa, a rede é constituída por 17 organizações estaduais de pesquisa agropecuária (Oepas) e, ainda, por universidades e institutos de pesquisa de âmbito federal ou estadual, empresas privadas e fundações.

A grande vitória é o compartilhamento do conhecimento, tanto para grandes como pequenos produtores. A maior parte dos estudos produzidos pela Embrapa está à disposição de toda a sociedade. São soluções tecnológicas de alcance social ligadas a políticas públicas ou a processos e sistemas agropecuários, que dão suporte aos diversos setores da agricultura brasileira. O trabalho realizado se reflete não apenas no aumento da produção como também na qualidade dos alimentos. Isso sem falar no aumento das exportações, na oferta de fontes alternativas de energia, na conservação ambiental e na geração de conhecimentos estratégicos para o País.

Ao celebrar hoje os 50 anos, a Embrapa relembra o impacto que teve na vida de todos nós ao longo desses anos, com a redução de 50% nos custos da cesta básica que chegou às mesas dos brasileiros neste período. Isso possibilitou a elevação do salário real, especialmente o das classes mais baixas. Um dos maiores ganhos vindo da pesquisa agrícola em um País com tantas disparidades de renda. Um passado forte, que permitiu um presente sólido e os pés sempre caminhando para um futuro, que continua se inspirando na ciência. Para essa comemoração, a empresa faz o que sabe melhor, lançar 30 novos produtos que trazem na bagagem todas as tecnologias de vanguarda feita dentro da Embrapa.