Na quarta-feira, 10, a Comissão de Valores Mobiliários do mercado dos Estados Unidos, conhecida como Securities and Exchange Commission (SEC), deu sinal verde para a negociação de um lote de produtos, entre eles o ETFs de Bitcoin à vista.

A expectativa é de que os ETFs ajudem a popularizar ainda mais o Bitcoin e as demais criptomoedas, que até pouco tempo eram associadas a crimes financeiros e quase não tinham espaço no noticiário econômico. A partir de agora, com o aval do regulador dos EUA, pode haver um impulso para a indústria de criptoativos, viabilizando o acesso de investidores institucionais e de varejo ao segmento dentro das regras das finanças tradicionais.

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Com a aprovação, a expectativa é a de que mais de US$ 100 bilhões dos investidores institucionais possam ser direcionados para o mercado de criptoativos. A espera pelo lançamento dos ETFs foi um dos principais motores para a disparada de 160% do bitcoin no ano passado.

Ontem, 11, mais de US$ 4 bilhões de um produto de investimento recém aprovado vinculado ao Bitcoin mudaram de mãos no primeiro dia de negociação.

Onze dos produtos oferecidos, conhecidos como fundos negociados em bolsa, ou ETFs, começaram a ser negociados em plataformas populares como a Nasdaq, após os reguladores federais terem autorizado, criando uma forma mais simples para os investidores apostarem nos mercados de criptomoedas. Grandes empresas financeiras, incluindo gestores de ativos como BlackRock e Fidelity, estão oferecendo ETFs.

O que muda com a aprovação dos ETFs de Bitcoin?

Para o professor da Escola de Finanças e Gestão de Frankfurt, Phillip Sandner, o Bitcoin agora está empacotado em um título clássico.

“Tem um grande efeito de sinalização. O Bitcoin sempre foi criticado. Esta decisão pode agora fazer desaparecer um ou dois pontos de crítica”, disse Sandner, em entrevista à DW.

Ainda de acordo com a DW, vários gestores de ativos buscaram desde 2013 a aprovação para lançar ETFs de Bitcoin. No entanto, a SEC que corresponde à Comissão de Valores Mobiliários no Brasil, os vinha rejeitando até então, alegando que os produtos são vulneráveis ​​à manipulação do mercado. Além disso, as criptomoedas eram vistas como oportunidades para contornar sanções e movimentar e lavar dinheiro criminoso.

Na avaliação do fundador e CEO da DUX —  startup que atua no segmento de investimentos —, Luiz Octávio Gonçalves Neto, o que muda efetivamente é que agora há veículos regulados onde investidores de todo tipo podem se expor ao Bitcoin.

“Através de ETFs, que são meios já conhecidos, esses investidores tem muito mais clareza regulatória, tributária, simplicidade de custódia e acompanhamento de seus investimentos no ativo”, indica.

Ainda segundo Neto, a aprovação dos ETFs tende a trazer um volume substancial de capital no médio/longo prazo, possibilitando que fundos de pensão, empresas, family offices e outros investidores possam se expor ao ativo com facilidade e segurança. Dessa forma, a tendência é de que isso surta um efeito positivo no Bitcoin ao longo dos meses e anos, mas não necessariamente reflita uma valorização substancial no curto prazo.

Questionado se os investidores brasileiros terão acesso aos ETFs de Bitcoin, Neto explica que os brasileiros já podem se expor ao Bitcoin através de ETF desde 2021, iniciando pela HASH11 da Hashdex.

“Na verdade, o Brasil já tem um ETF de Bitcoin muito antes dos EUA – demonstrando nossa capacidade de inovação e qualidade das empresas e empreendedores daqui. A Hashdex, que inclusive também teve seu ETF aprovado nos EUA, fez o primeiro ETF à vista aqui no Brasil. Brasileiros também podem se expor aos ETFs dos EUA através de corretoras internacionais”, afirma.

 O que são ETFs de Bitcoin à vista?

Como explica Neto, um ETF (exchange traded fund) funciona como uma ação que tem sua variação baseada em algum índice. No caso do Bitcoin, o valor dessas ações acompanha a valorização ou desvalorização do próprio Bitcoin.

“Já um ETF à vista de Bitcoin quer dizer que as gestoras que disponibilizam esse ativo tem que ter Bitcoins em custódia para lastrear todas as ações negociadas”, explica o especialista.

Preço do Bitcoin vai subir?

Alguns analistas argumentam que, agora, o fluxo de investimentos para Bitcoin devem ser significativamente maiores. O banco britânico Standard Chartered estima que os ETFs de Bitcoin poderiam atrair entre US$ 50 bilhões e US$ 100 bilhões em dinheiro de investidores somente em 2024.

O contador, especialista em criptomoedas e fundador da Escola de Cripto, Mychel Mendes, vai na mesma direção de pensamento. Ele conta, no entanto, que o Bitcoin é um ativo limitado e que a demanda, em consequência seu preço, devem subir.

“Provavelmente [vai subir] sim, pois o Bitcoin é um ativo limitado, são 21 milhões, e com o ETF surge uma demanda muito grande por ele”, conta.

Na quinta-feira, 11, pouco depois da abertura dos mercados, o bitcoin chegou a disparar até US$ 49 mil, seu maior patamar desde 26 de dezembro de 2021, mas logo começou a cair até voltar ao patamar de US$ 46 mil. Também para Mendes, investir nos ETFs de Bitcoin significa aportar recursos em um produto institucional que pode ter Bitcoin na cesta. Sendo assim, na sua avaliação, o investimento pode ser lucrativo ou não como qualquer produto financeiro.