A crise política bateu na porta do BNDES. Paulo Rabello de Castro está balançando na presidência diante da necessidade do presidente Michel Temer de agradar o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que passou a adotar uma postura independente, de olho em 2018. Neste sentido, ele tem criticado o governo, falando da interferência do Planalto em votações, ao fato do PMDB ter atravessado as negociações do DEM com deputados do PSB. É de interesse de Temer ter Maia ao seu lado. Um presidente da Câmara não alinhado pode complicar a vida do Executivo, acelerando prazos e marcando votações inconvenientes.

Retirar Rabello serviria também para colocar alguém mais alinhado com o que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e a equipe econômica quer. O atual presidente é critico à criação da Taxa de Longo Prazo (TLP), a nova taxa de juros do BNDES, que substitui a TJLP, e se mostrou contrário à devolução de R$ 130 bilhões ao Tesouro em 2018. Também serviria para atender a vontade de Maia de ter maior participação nas decisões econômicas. Em junho, quando Rabello foi escolhido, o democrata queria ter visto a indicação de Luciano Snel, da Icatu Seguros.

Os dois lados negam querer trocar o presidente do BNDES. O episódio, porém, mostra como o BNDES é mais um item da pauta econômica dragado pelos problemas de Temer, sendo impedido de ter uma direção. “O governo não consegue sinalizar seu objetivo para o banco”, diz Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura. Nem o BNDES está imune das disputas políticas atualmente em Brasília.