09/07/2003 - 7:00
Plano de saúde: você ainda terá problemas com ele. O setor é o campeão de reclamações no Instituto de Defesa do Consumidor, o Idec, e o quarto no Procon (a Sul América lidera a lista negra). O rol de problemas é vasto ? reajustes abusivos, reembolso abaixo do valor prometido e cancelamento de contrato com o hospital de sua preferência. Há solução, além do aborrecimento? Os especialistas em economia familiar sugerem a montagem de um quebra-cabeça financeiro para reduzir a dependência em relação às seguradoras de saúde. ?Garanta o seguro apenas para o incalculável, que
são os gastos com internação hospitalar?, diz Miguel de
Oliveira, vice-presidente da Associação dos Executivos de
Finanças, a Anefac. A diária numa UTI pode chegar a
R$ 50 mil e um transplante de órgão a R$ 300 mil.
Para além da permanência no hospital, porém, a diversificação é saudável. Quem paga um plano completo (consultas e internação) pode reduzir a cobertura e, com a economia, montar uma carteira de aplicações. Fará, assim, um caixa de reserva (leia no quadro abaixo).
O serviço médico privado é considerado um campo minado até mesmo pela Associação Brasileira de Medicina de Grupo, a Abrange. ?Os contratos podem causar dúvidas?, reconhece Arlindo de Almeida, presidente da entidade. A regulamentação do setor, que entrou
em vigor há quatro anos, tem brechas. Permite, por exemplo, a
troca de hospitais credenciados. ?A lei não especifica as condições para a substituição?, diz a advogada Rosana Chivasa, especialista
no setor. As armadilhas campeiam. Você contratou um seguro, e
ele o atraiu porque era credenciado ao Albert Einstein, em São
Paulo. Três meses depois, consulta a lista e não encontra mais o hospital. As chateações têm produzido a fuga dos planos ? cerca
de 5 milhões de clientes abandonaram o sistema nos últimos três
anos ? e o surgimento de alternativas.
Uma delas é a contratação de um seguro saúde de uma empresa estrangeira. A dinamarquesa Internacional Health Insurance oferece um plano nos moldes de um seguro de carro. Um cliente entre 30 e 39 anos, por exemplo, paga uma taxa anual de US$ 4 mil. Com isso, terá direito ao pagamento de despesas médicas de até US$ 1,5 milhão, sem restrições de procedimentos, durante um ano. Porém, é necessário desembolsar o valor da franquia de US$ 250 na hora de utilizá-lo. O ressarcimento de despesas, em dólares, é feito por meio de um depósito com cheque internacional do Citibank. Como as transações são realizadas em contas no exterior, há, evidentemente, taxas bancárias suplementares.