Frente à crescente exigência dos consumidores quanto à segurança dos alimentos, da origem ao ponto de venda, agroindústrias têm investido cada vez mais na transparência de toda a cadeia produtiva. E não apenas fornecendo dados sobre etapas e processos, mas garantindo que não sofram mudanças no caminho. É nesse cenário que vem ganhando espaço a tecnologia de blockchain, ambiente que permite a inserção e o compartilhamento de informações, sem a menor possibilidade de alterações.

A biorefinaria Uisa, de Nova Olímpia (MT), decidiu apostar em blockchain e estreitar a relação com o consumidor final. O primeiro produto da empresa a chegar ao mercado já com essa inovação é o açúcar demerara com a marca Itamarati. Informações completas sobre plantio e colheita da cana-de-açúcar e as demais etapas de produção podem ser acessadas a partir da leitura do QR Code das embalagens. Basta apontar a câmera do smartphone para praticamente iniciar um tour virtual pela linha de fabricação.

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Para o CEO da Uisa, José Fernando Mazuca, esse diferencial atrairá mais consumidores. Por essa razão já está prevista a expansão da aplicação do blockchain para todas as linhas de prdução. “A postura sustentável é cada vez mais valorizada por todos”, disse o executivo. A implantação dessa tecnologia acontece de forma coletiva, somando a expertise dos profissionais da Diretoria de Tecnologia, Automação e Inovação da biorefinaria e de dois sócios, a Google Cloud e a consultoria IT Lean.

Foi assim também com o Café Minamihara, de Franca (SP), região da Alta Mogiana. Mas neste caso o consumidor está do outro lado do planeta. Em parceria com a startup Arabyka, especializada em rastreabilidade com blockchain, a empresa exportou para o Japão um lote com nove sacas de café orgânico especial, produto que pode chegar a uma classifiação de 90 pontos, segundo o cafeicultor Anderson Minamihara. A venda a outros países não é novidade para a companhia, mas de um lote totalmente rastreado como este foi a primeira vez. A partir de cada saca entregue à cliente japonesa Ueshima Coffee Corporation, é possível acessar dados sobre época e tipo de colheita, secagem, lote, variedde, tempo de descanso, dia e padrão de exportação. “Torrefadores e cafeterias também podem inserir suas informações durante o processo de venda, até chegar ao consumidor final”, afirmou Anderson. A aproximação entre o Café Minamihara e a Arabyka foi feita pelo hub de inovação Cocriagro.