O tema inteligência artificial vem dominando as conversas sobre tecnologia e inovação. Depois do lançamento do ChatGPT pela OpenAI, no ano passado, a Microsoft, que já possuía investimentos na OpenAI, anunciou esta semana a reformulação de seu mecanismo de busca Bing e do navegador Edge alimentado por inteligência artificial. O Google também anunciou o Bard, um sistema conversacional que vai concorrer diretamente com o ChatGPT.

De acordo com a Microsoft, o Bing não apenas fornecerá uma lista de resultados de pesquisa, mas também responderá perguntas, conversará com os usuários e gerará conteúdo em resposta às consultas. No novo Bing, o usuário poderá pesquisar produtos para compra e depois ser direcionado a uma seção de bate-papo para mais informações do item em questão. A ferramenta também pode criar roteiro de férias, textos e histórias.

O Bard, do Google, será liberado nas próximas semanas. Segundo a gigante de tecnologia, o sistema obtém informações atualizadas da internet. Com ele, o usuário terá ajuda, por exemplo, para planejar um evento e desenvolver receitas na cozinha. O algoritmo do serviço é construído sobre o Language Model for Dialogue Applications (LaMDA) ou Modelo de linguagem para aplicativos de diálogo. O Bard deve funcionar como um Google interativo, uma IA que não só responde perguntas objetivamente, mas também explica o conteúdo ensinando algo novo.

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Nos Estados Unidos, o ChatGPT foi aprovado num teste para se tornar médico. Pesquisadores da AnsibleHealth, na Califórnia, testaram o desempenho do sistema em uma prova de conhecimentos em várias disciplinas médicas, desde ciência básica até bioquímica. O ChatGPT obteve uma pontuação de 52,4% a 75% no exame. A pontuação para se formar é de cerca de 60%.

“No Youtube, por exemplo, já são milhares de vídeos ensinando advogados, engenheiros e nutricionistas como utilizar o ChatGPT em seu dia a dia, no que parece ser um caminho sem volta para atividades que envolvam a criação de conteúdo e atividades repetitivas ou de pesquisa. Os exemplos de uso crescem a cada dia. Já é possível pedir ao ChatGPT que crie um planejamento de marketing detalhado, com slogan, campanhas e planejamento de ações e em poucos minutos criar uma apresentação que poderia levar semanas”, explica Rafael Franco, CEO da Alphacode.

Filipe Bento, CEO da Br24, empresa de soluções digitais, explica que a ideia do ChatGPT começou em 2018 e aos poucos foi se aprimorando. “Hoje, ele conta com uma vasta quantidade de textos disponíveis na web, incluindo conteúdo de veículos de notícias, artigos da Wikipédia e até posts em redes sociais”, disse.

Segundo Bento, redações com aproximadamente 500 palavras podem ser construídas com facilidade pela solução, que não traz ainda resultados perfeitos devido a falta do revisor. “De modo geral, são textos muito bons, encarando o fato de que são produzidos por um computador. Com certeza, isso pode levar sim a redução no número de empregos em algumas áreas, como escrita criativa, redação de conteúdo e tradução, mas, por outro lado, pode criar oportunidades em outros segmentos, mudando significativamente o mercado de trabalho”, afirma.

Para o especialista, ao automatizar muitas tarefas que atualmente são realizadas por humanos, como a geração de texto, a tradução e a resposta a perguntas, a ideia é que a máquina replique automaticamente o pensamento e a atuação de uma pessoa. “Com isso, quanto mais entrosamento com humanos houver, mais esse relacionamento será fortalecido e mais a máquina vai se aprimorar. O ChatGPT então demandará pessoas que saibam dialogar com ele”, afirma.

“Com a automação das tarefas, as empresas vão se tornar mais eficientes e precisas, o que pode beneficiá-las e, por sua vez, criar empregos que exijam habilidades humanas para agregar muito mais valor aos seus negócios. Além disso, a manutenção e o treinamento de modelos de IA, como o ChatGPT, também podem demandar uma nova especialidade de trabalho. Já tem muita gente que cursou Jornalismo ou Pedagogia atuando como treinador de inteligência artificial dentro das empresas. Isso porque o mercado de educação formal demora um pouco mais para acompanhar a velocidade das mudanças e novas tecnologias. Como o ChatGPT e outros modelos de IA ainda precisam ser supervisionados e monitorados por humanos para garantir precisão e evitar erros, com certeza isso criará oportunidades para profissionais de tecnologia e ciência de dados”, finaliza Filipe.