07/07/2025 - 8:57
Apesar de a base ser a mesma: o cacau, o chocolate não é um produto único e igual no mundo inteiro. Há uma grande variedade de sabores e formas de produção, que proporcionam características próprias para o chocolate produzido em diferentes países.
Conheça as principais diferenças dessa iguaria entre os continentes.
Chocolate americano: doce, espesso e com recheio
O cacau chegou às colônias norte-americanas como uma bebida vinda da América Latina no século 17. O chocolate denso e doce que é popular hoje, no entanto, foi trazido para o Novo Mundo por chocolateiros suíços na segunda metade do século 19. Apesar de suas origens comuns, o chocolate suíço e o americano têm sabores muito diferentes.
Nos Estados Unidos, as marcas de maior sucesso priorizam uma longa vida útil e um sabor estranho aos paladares europeus. Isso ocorre, em parte, devido ao uso de ácido butírico, que confere ao chocolate americano um toque levemente azedo.
O alto teor de açúcar e aditivos como xarope de milho ou gorduras vegetais também são característicos do sabor típico do chocolate americano. “O que também é muito popular são as barras grandes e grossas com recheio”, explica sommeliere de chocolate alemã Julia Moser.
Chocolate europeu: seguindo a tradição
Na Europa Ocidental – especialmente na Suíça, Bélgica, França e Alemanha – o foco está no sabor refinado e na alta qualidade. As receitas de chocolate na União Europeia (UE), por exemplo, são regulamentadas de forma mais rigorosa do que nos EUA. O chocolate ao leite deve conter pelo menos 25% de cacau, sendo que a principal gordura é a manteiga de cacau.
Os fabricantes utilizam processos tradicionais, como a conchagem, que confere uma textura fina e cremosa. “A apreciação por um bom chocolate está crescendo aqui, embora o chocolate ao leite ainda seja o mais consumido, porque a maioria de nós está acostumada com ele desde a infância”, diz Moser. “O chocolate amargo só começa a se tornar mais popular na idade adulta.”
Preferências próprias na Índia e na África
Na Índia e em outras partes da Ásia, o chocolate é uma iguaria relativamente nova. A produção industrial só começou aqui em meados do século 20. No entanto, o mercado está crescendo rapidamente e substituindo os doces tradicionais, especialmente entre os mais jovens.
“O chocolate indiano é considerado a dica de quem no momento”, diz Julia Moser. “Os grãos de cacau de lá têm um sabor frutado muito característico, com um toque de nozes.”
A África, especialmente a África Ocidental, é a maior produtora mundial de cacau. No entanto, o consumo de chocolate no continente representou apenas cerca de 4% do mercado global em 2018. Isso também se deve ao calor, que dificulta muito a produção de barras de chocolate, explica Julia Moser. “As pessoas lá costumam apreciar a polpa fresca dos grãos de cacau ou fazer uma pasta com os grãos torrados, que depois usam para fazer bebidas achocolatadas.”
Em países como Gana, no entanto, o maior produtor mundial de cacau depois da Costa do Marfim, o interesse pelo chocolate produzido localmente está crescendo.
Os sabores de chocolate mais incomuns, pelo menos de uma perspectiva ocidental, podem ser encontrados no Japão, onde KitKat de matcha, molho de soja e wasabi são cultuados há anos.
O lado obscuro da produção de chocolate
Apesar de todo o prazer proporcionado pelo chocolate, não devemos esquecer o lado obscuro de sua história: a jornada triunfante do cacau da América Latina para o resto do mundo está inextricavelmente ligada à exploração colonial.
Foram as potências coloniais europeias que introduziram deliberadamente a planta do cacau em suas colônias tropicais para atender à crescente demanda na Europa. O cultivo e a colheita eram realizados com a ajuda da população local, geralmente em condições desumanas.
E mesmo hoje, muitos produtores de cacau ainda estão à mercê dos mecanismos de poder do mercado global. Apesar do trabalho árduo, muitos vivem na extrema pobreza devido aos baixos preços pagos aos produtores do fruto pelas empresas que comercializam o produto.