14/03/2023 - 12:40
(Reuters) – Pouco tempo depois que as startups da Califórnia começaram a sacar dinheiro do problemático Silicon Valley Bank, os empresários de outras partes do mundo acordaram com a notícia do colapso do banco.
“Cerca de 90% de nosso caixa estava no SVB”, disse Sam Franklin, 28, presidente-executivo da empresa de recrutamento Otta, com sede em Londres e especializada em tecnologia. Ele passou o fim de semana buscando descobrir como pagar seus funcionários no final do mês.
Enquanto os efeitos globais do colapso do Silicon Valley Bank estão apenas surgindo, uma coisa é clara: as startups de tecnologia, não importa o quão distantes estejam, estão interligadas. Muitos dependem de um único banco de médio porte para suas operações diárias.
Seguindo o exemplo de colegas da Califórnia, as startups da Europa e da Ásia gravitaram em torno do banco, o 16º maior dos Estados Unidos no ano passado, cujo nome soava com prestígio tech e oferecia serviços financeiros especializados.
+ SVB é vítima de batalha contra a inflação, dizem banqueiros
+ Departamento de Justiça dos EUA e SEC investigam colapso do SVB, dizem fontes
AÇÃO
Quincy Lee, fundador da startup Electra Era, com sede em Seattle, tentou movimentar milhões de dólares do Silicon Valley Bank na tarde de quinta-feira, à medida que os sinais de alerta se multiplicavam, mas o site estava fora do ar, sobrecarregado pelo tráfego.
Um agente de atendimento ao cliente disse a ele por telefone que houve atrasos porque muitas pessoas estavam tentando sacar. Na tarde de segunda-feira, ele conseguiu seu dinheiro e procurava um banco alternativo.
Após um fim de semana de intensas discussões sobre o futuro do SVB, os reguladores dos EUA revelaram um plano de financiamento de emergência que dava aos clientes do banco acesso a todos os seus depósitos.
No Reino Unido, o chanceler do Tesouro britânico, Jeremy Hunt, disse que o governo e o Banco da Inglaterra facilitaram uma venda do braço britânico do SVB para o HSBC, em uma medida para proteger os depósitos sem o apoio dos contribuintes.
Autoridades da União Europeia também garantiram aos consumidores que o banco tinha uma “presença muito limitada” no bloco. E Christoph Stresing, diretor-gerente da Associação Alemã de Startups, expressou um otimismo cauteloso de que as empresas domésticas se sairão bem.
CHINA
A joint venture do SVB com sede em Xangai, o SPD Silicon Valley Bank (SSVB), disse ter uma estrutura corporativa sólida e um balanço patrimonial independente. O SSVB é o primeiro banco de tecnologia e inovação da China e o primeiro banco de joint venture sino-americano.
Como o SVB foi um dos poucos bancos que facilitou a abertura de contas bancárias para financiamento em dólares, ele era o banco estrangeiro dominante para empresas em estágio inicial na China, disseram consultores e empresas.
Mas muitas startups chinesas e gestores de fundos estão trabalhando para tirar seu dinheiro do braço norte-americano do SVB.
Um advogado de uma empresa de venture capital com sede na China disse que quase todo o caixa operacional das empresas de seu portfólio, bem como seu próprio caixa operacional, foi armazenado no SVB e passou o fim de semana avaliando alternativas.
Depois de um fim de semana turbulento, o presidente-executivo da Otta, Franklin, disse que sua empresa continuará operando com o braço britânico do SVB e criará contas em mais bancos.
“A grande curva de aprendizado para muitos de nós neste setor tem sido: se você tem muito dinheiro, deve espalhá-lo.”
(Por Martin Coulter, Maggie Fick, Krystal Hu, Supantha Mukherjee, Hakan Ersen, Josh Horwitz, Josh Ye e Tom Sims)