27/02/2014 - 16:29
A Vale encerrou 2013 com lucro líquido consolidado de R$ 115 milhões. A cifra representa um tombo de 99% sobre os R$ 9,892 bilhões do ano retrasado. A última linha do balanço da mineradora foi afetada, sobretudo, por três motivos: a revisão do valor de alguns ativos; o câmbio; e a adesão ao acordo de refinanciamento de tributos federais (Refis).
Segundo a companhia, seu lucro básico foi de R$ 26,721 bilhões no ano passado. A cifra, 30% maior que a sua equivalente de 2012, representa o quanto a empresa ganharia, se não sofresse com esses fatores não-recorrentes. Desse total, a empresa descontou R$ 5,390 bilhões em impairment de ativos. O jargão refere-se à redução de valores de bens relacionados, geralmente, a projetos que não terão continuidade.
No caso da Vale, o impairment foi motivado principalmente pela desistência do projeto de produção de potássio no Rio Colorado, na Argentina. No ano passado, a empresa considerou que a unidade de US$ 6 bilhões não era financeiramente viável, devido a uma série de problemas, como a política cambial, a tributação, a inflação e exigências regulatórias do país vizinho. A mina produziria cerca de 4 milhões de toneladas de potássio por ano, e já havia consumido investimentos de cerca de US$ 2 bilhões, quando foi interrompida.
A Vale também descontou R$ 8,329 bilhões do lucro básico, referentes ao câmbio. Desse total, R$ 6,454 bilhões vieram de perdas com variações monetárias e cambiais líquidas. Outro R$ 1,872 bilhão foram perdidos com derivativos cambiais e juros.
Refis
Já o Refis custou à mineradora quase R$ 15 bilhões em descontos no lucro básico. Do montante, R$ 6,039 bilhões foram relacionados a despesas financeiras líquidas do Refis. Mais R$ 8,775 bilhões foram subtraídos pelos efeitos tributários do Refis sobre deduções.
Apesar da forte queda dos resultados, a Vale procurou manter o tom de otimismo. “O resultado positivo mesmo após todos os efeitos não recorrentes atesta a qualidade dos nossos ativos e operações, que foram capazes de absorver estes impactos pontuais”, afirmou a companhia, no relatório de desempenho.
Caixa
Como os administradores sabem, uma empresa pode viver anos com prejuízos, mas não dura um dia sem caixa. Por isso, a Vale destacou que as perdas responsáveis pela queda no lucro não afetaram sua geração de caixa. O ebitda ajustado (excluindo os efeitos não recorrentes) subiu 31,4% e somou R$ 37,501 bilhões. A empresa atribuiu o incremento do ebitda ao aumento de quase R$ 11 bilhões na receita líquida, que alcançou R$ 106,2 bilhões no ano passado.
É verdade que, ao descontar dessa cifra os eventuais impactos não recorrentes, fica difícil aferir com quanto de caixa, efetivamente, a empresa encerrou o ano. Um outro parâmetro mostra, porém, que a Vale continua com a conta corrente no azul. Seu ativo circulante, que mede quanto a empresa tem a receber no curto prazo, entre disponibilidades de caixa, aplicações financeiras e outros, terminou 2013 em R$ 57,103 bilhões – 3,4% maior que o do ano retrasado.