Um relacionamento só costuma ser considerado abusivo quando há violência física frequente ou situações extremas, como cárcere privado. Por ser mais difícil de ser identificada, a violência psicológica tende a ter seus efeitos minimizados. Como não deixa marcas visíveis, essa forma de abuso se espalha por relações além das familiares, chegando a clubes de esportes, escolas e empresas. Mas como saber se você tem um chefe tóxico?

Dentre as estratégias usadas pelo abusador está a manipulação de informações e uma constante mudança de opinião. Se ele disse algo ontem, fala o contrário hoje e nega com veemência que tenha dito a primeira versão. Isso faz com que o subordinado perca a noção do que é certo ou errado e passe a ter medo de tomar decisões.

Estes são os sinais de que você está em um ambiente de trabalho tóxico

Outro caminho comum é uma crítica disfarçada de elogio. Funciona assim: após uma ação realizada pelo funcionário, o dominante afirma que o que foi feito está correto, mas que a maneira como foi executada está completamente errada. E isso acontece mesmo quando todos os passos foram combinados entre eles.

E há também o silêncio. É como se o outro não existisse, mesmo quando age da maneira que era esperada. Não há uma palavra sequer. Nem elogio, nem um ato de consideração ou explicação pela ausência de interação. O silêncio se torna ensurdecedor e dá margem para diversas interpretações, o que se torna um sofrimento imenso para a vítima. Em todos eles há uma humilhação velada.

Identificar um relacionamento abusivo é muito difícil, porque normalmente o dominante já construiu uma imagem de superior, de herói, de mito. É por isso que muitas mulheres não conseguem se libertar de maridos dominadores, e funcionários não conseguem pedir demissão. Acreditam que devem algo ao algoz. O mesmo se repete em esferas maiores como na relação com líderes religiosos ou políticos.

Nas corporações, as reclamações para solucionar o problema diversas vezes caem no colo do departamento de recursos humanos. Só que solucionar o problema na causa é tarefa complexa. Algumas vezes, para eliminar o ambiente tóxico é preciso retirar o abusador de cena. Sem poder para tanto, restam caminhos paliativos como oferecer assistência psicológica, lugares de trabalho descolados e até atividades lúdicas no ambiente. Mas isso não resolve o problema.

Para os chefes tóxicos, porém, há novo desafio. Uma nova geração que não se submete. Eles dão de costas e vão embora, sem nenhum sinal de culpa ou preocupação. O resultado é que as corporações estão sendo forçadas a rever seus processos internos com uma escuta mais ativa. Aos autoritários restará cada vez menos espaço onde se sentirão abrigados e livres para viabilizar as próprias insanidades. Serão, quando menos esperarem, isolados.