22/05/2025 - 12:01
Objetivo de Washington é que escudo, uma versão expandida do Domo de Ferro israelense, esteja pronto em três anos. Críticos, no entanto, apontam para cronograma irreal e altos custos, que podem chegar a US$ 175 bilhões.O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou grandes planos mais uma vez. Conforme anunciado durante a campanha eleitoral, ele quer instalar um novo sistema de defesa antimísseis para proteger os EUA de ameaças aéreas e até mesmo do espaço. O “Domo de Ouro”, deverá custar pelo menos 175 bilhões de dólares e ser concluído até o final de seu mandato, em janeiro de 2029, declarou Trump. De acordo com o Pentágono, o projeto é necessário porque os EUA estão enfrentando uma ameaça crescente da Rússia e da China.
Os críticos, no entanto, alertam para os enormes custos e para um cronograma irrealista. A oposição democrata também expressou preocupação com o processo de aquisição e o possível envolvimento da SpaceX, a empresa de propriedade de Elon Musk, aliado de Trump. O projeto também causou agitação internacional. A China criticou o projeto por colocar em risco o “equilíbrio e a estabilidade estratégica global”.
Como o escudo funcionaria?
O Domo de Ouro tem como modelo o Domo de Ferro de Israel. O sistema israelense está em uso desde março de 2011 e intercepta foguetes de curto alcance e projéteis de artilharia. Ele consiste em três componentes: uma unidade de radar, um centro de controle e um lançador de mísseis. Uma grande diferença em relação ao Domo de Ouro de Trump é que o Domo de Ferro foi projetado para a defesa contra mísseis de curto alcance e proteger um pequeno território. Além disso, é um sistema móvel que pode ser implantado em vários locais.
A versão dos EUA, por outro lado, também deverá ser capaz de interceptar mísseis intercontinentais com ogivas nucleares. Isso segue planos dos EUA desde a época do presidente Ronald Reagan (1981-1989). Com sua Iniciativa Estratégica de Defesa (SDI, na sigla em inglês), Reagan lançou a ideia de um escudo de defesa contra mísseis em que sistemas interceptadores pudessem ser colocados no espaço. À época, o SDI foi pejorativamente apelidado de “programa Guerra nas Estrelas” pela imprensa e críticos, e acabou nunca saindo do papel.
Já o projeto espacial de Trump pretende criar uma rede de satélites para reconhecer, rastrear e possivelmente interceptar mísseis lançados, por exemplo, da Rússia ou da China. O escudo protetor poderia incluir centenas de satélites para detecção e rastreamento de mísseis.
De acordo com o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, o escudo planejado tem como objetivo “proteger a nação contra mísseis de cruzeiro, mísseis balísticos, mísseis hipersônicos e drones, independentemente de serem mísseis convencionais ou nucleares”. Ainda não está claro quais tecnologias serão usadas.
O “Domo de Ferro” grego
Além dos EUA, há outros países que se inspiraram no Domo de Ferro – ou pelo menos usam o termo para chamar atenção na mídia para seu próprio sistema. De acordo com o general de brigada israelense reformado Shachar Shohat, isso gera muita confusão. Segundo ele, O Domo de Ferro se tornou uma “marca como a Coca-Cola, que todo mundo usa agora porque é muito bem-sucedida”, disse ele em uma entrevista à revista militar Defence News.
No final de 2024, a Grécia anunciou que expandiria significativamente seu orçamento de defesa e construiria um escudo protetor – semelhante ao Domo de Ferro contra drones e mísseis, após considerar o progresso do sistema de defesa aérea European Sky Shield lento demais. No entanto, o “Domo de Ferro” grego é diferente do sistema de defesa antimísseis móvel israelense porque a ameaça é diferente, segundo o Ministro da Defesa Nikos Dendias. “A Grécia precisa se defender, principalmente, contra ataques de drones”, afirmou.
Outros países demonstraram interesse no próprio sistema Domo de Ferro. Entre eles estão, de acordo com Pieter Wezeman, pesquisador do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri): Romênia e Chipre em 2022, Azerbaijão em 2016, Coreia do Sul em 2021, Índia em 2010 e Singapura em 2009. No entanto, a Índia e a Coreia do Sul acabaram não levando esses planos adiante e, nos outros casos, não há confirmação de pedidos formais que tenham avançado.
Domo europeu
A comparação com o Domo de Ferro também foi feita em nível europeu, com a European Sky Shield Initiative (Essi), um projeto europeu de defesa aérea e antimísseis criado em 2022. O objetivo é criar sistemas de defesa de curto, médio e longo alcance da maneira mais coordenada possível para a defesa contra todas as ameaças aéreas. De acordo com o Ministério da Defesa da Alemanha, 23 países já aderiram à iniciativa.
O Sky Shield segue, portanto, “a mesma lógica” do sistema de defesa aérea israelense, disse o vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas austríacas, tenente-general Bruno Hofbauer, à imprensa austríaca. Ambos os escudos de defesa têm como objetivo combater as ameaças aéreas em vários níveis.