O conceito de accountability vem sendo cada vez mais massificado nas empresas brasileiras, especialmente com o fortalecimento da agenda ESG e do home office provocado pela pandemia de Covid-19. A prestação de contas com rígido controle, fiscalização, transparência e responsabilização é a alternativa encontrada pelos gestores para uma governança efetiva, que não tolera corrupção ou o chamado “jeitinho brasileiro”.

No entanto, tenho observado que muitas empresas ainda têm dificuldade em atuar com accountability e manter a produtividade em alta. Para alguns líderes parece difícil adequar a cultura organizacional a essa nova realidade imposta por um modelo de trabalho pautado na liberdade com responsabilidade.

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A cultura de accountability reforça o compromisso com o senso de dono, o ambiente de confiança, a abertura à comunicação, o incentivo ao fortalecimento da equipe, as oportunidades constantes de melhoria e de atingir objetivos de forma ágil e eficiente.

Mas qual o papel da liderança para que esse processo seja colocado em prática? A primeira atitude do gestor deve ser deixar claro o que esperar de seus colaboradores. De forma simples, direta e transparente. Em seguida é importante traçar metas e objetivos e definir os caminhos necessários para alcançar os resultados propostos. Por fim, os líderes precisam avaliar as habilidades necessárias e estabelecer métodos concretos de avaliação de desempenho.

Algumas leituras podem ajudar nesse processo. O livro “The OZ Principle – Getting Results Through Individual and Organizational Accountability” (traduzido no Brasil como “O Princípio de Oz: Como usar o accountability para atingir resultados excepcionais”), de autoria de Roger Connors, Tom Smith e Craig Hickman, enumera quatro pilares para implementar uma cultura accountability bem-sucedida. São eles: see it, que significa o reconhecimento do problema e pontos de melhoria; own it, a coragem para assumir as responsabilidades diante dos problemas identificados; solve it, o momento de encontrar as soluções viáveis e se antecipar aos problemas futuros; e do it, a implementação das ações e melhorias.

Esses quatro pilares contribuem efetivamente para a implementação da prática de forma eficiente dentro das empresas. Contudo, cabe às lideranças atuarem para disseminar nas suas equipes esse modelo de relação corporativa, pautada na liberdade com responsabilidade. Incentivar seu time a inovar, ter inquietude e trazer novos processos e ideias que possam ser implementadas são alguns dos pontos necessários.

Facilitar a troca de informação e a comunicação também são fatores essenciais na política de accountability. Troca de mensagens instantâneas, e-mails ou reuniões curtas ajudam a manter todos na mesma página e contribuem para identificar possíveis gargalos e soluções para as questões do dia-dia.

O accountability tem a capacidade de transformar a organização, o ambiente corporativo e as pessoas que estão inseridas nesse processo, independentemente da posição hierárquica que ocupam. Quando o colaborador se enxerga protagonista da situação e não apenas uma simples peça da engrenagem, a tendência é o maior engajamento, motivação e comprometimento do time.

Recompensar e responsabilizar os colaboradores e líderes de forma mais justa, facilitar e otimizar as tomadas de decisão também estão inseridos no conceito. São as pessoas que fazem o resultado da empresa. Logo, valorizá-las tende a trazer resultados positivos para os negócios.