A Avibras Indústria Aeroespacial, empresa brasileira de produtos bélicos, anunciou, nesta terça-feira, 2, que mantém tratativas avançadas para ser adquirida pela australiana Defendtex. Segundo informado pela Avibras, a possível aquisição pelos australianos viabilizaria uma potencial recuperação econômico-financeira para a empresa brasileira.

+Há 11 meses sem receber salário, trabalhadores ocupam pátio da Avibras

Com 60 anos de atuação, a Avibras vem enfrentando dificuldades para manter suas unidades fabris no Brasil em operação, além de garantir o fornecimento previsto nos contratos entre o governo brasileiro e demais clientes.

De acordo com o comunicado emitido pela companhia, ambas as empresas estão empenhadas e trabalhando diligentemente para finalizar os termos e condições específicas do investimento. Os valores envolvidos na negociação não foram informados, mas a Avibras afirma que manterá o mercado informado.]

O que faz a Avibras

Fundada em 1961 por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras é uma das pioneiras no Brasil em construção de aeronaves, programas de pesquisa espacial e desenvolvimento e fabricação de veículos especiais para fins civis e militares. Localizada em Jacareí, no Vale do Paraíba, faz parte do principal centro de tecnologia aeroespacial do País.

A empresa participa do Programa Espacial Brasileiro, com fabricação de motores para foguetes. Além disso, desenvolveu capacidade de produção de armamentos e equipamentos bélicos, como mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos Não Tripulados.

Sindicato é contra aquisição da Avibras por australiana

Após a divulgação do comunicado da Avibras sobre a negociação com a Defendtex, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região emitiu uma nota se manifestando contra a aquisição da empresa brasileira bélica pela companhia australiana.

Na nota, o sindicato fala em “ataque à soberania nacional”, caso a venda se concretize.

“Independentemente da mudança na direção da empresa, o Sindicato seguirá mobilizando os metalúrgicos pela completa regularização da situação, bem como pela estatização da Avibras sob controle dos trabalhadores”, afirma a notas assinada pelo presidente presidente do sindicato, Welles Gonçalves.

Ainda segundo a entidade, os trabalhadores da Avibras estão há 11 meses sem salário. O sindicato defende a estatização da Avibras como solução para o impasse. Além disso, eles citam uma possível “inércia” do governo na busca por uma mudança na situação da companhia bélica.

“Enquanto diversos países investem pesadamente no setor de Defesa, o Brasil e a sua classe dirigente assistem e compactuam com a entrega de sua mais importante empresa do segmento a um grupo internacional”, diz a nota.

O Sindicato diz que reuniu-se, em mais de uma oportunidade, com o ministro da Defesa do País, José Múcio Monteiro, e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), e que até o momento nenhuma medida efetiva foi adotada em favor dos operários da Avibras.