Maior acionista da Via, dona das Casas Bahia, Michael Klein tornou pública uma rixa com o alto escalão da companhia. Ao se colocar contra a remuneração da diretoria, Michael também colocou em evidência desavenças com seu filho, Raphael, que preside o conselho de administração da varejista.

Segundo apurou o Estadão, pai e filho não se falam há dois anos, e a relação teria se deteriorado após o segundo casamento de Michael, com sua atual esposa, Maria Alice, mãe dos quatro filhos mais novos do filho do fundador das Casas Bahia e 19 anos mais jovem. O relacionamento entre os dois azedou de vez, disse uma fonte próxima à família, depois que Raphael substituiu o pai na presidência do conselho da Via, logo no início da pandemia.

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Segundo fontes, com o nascimento dos irmãos – hoje, ainda crianças -, Raphael começou a fazer questionamentos sobre o patrimônio da família, deixando Michael ofendido.

Paralelamente à briga familiar, o afastamento do patriarca do dia a dia da Via também gerou incômodo. “Michael Klein tem estado frustrado por não ter conseguido influenciar o dia a dia da empresa”, diz uma pessoa próxima à situação. Como foi Michael quem escolheu Roberto Fulcherberguer, o atual CEO, ele esperava mais “gratidão”, e não ser deixado de lado.

Outro ponto de conflito foi a renegociação de contratos de aluguel, na qual Michael – dono de vários pontos da marca – teria se sentido preterido. “Estávamos negociando com todos os senhorios, no meio de uma pandemia. Tivemos de tratá-lo como um senhorio, defendendo a empresa e todos os seus acionistas”, frisou uma fonte.

Diante disso, Michael tornou públicas algumas de suas insatisfações. A Via, ao se defender, disse que poderá ir à Justiça, embora dentro da empresa essa hipótese seja vista como pouco provável. “A matéria foi aprovada em assembleia pela maioria dos acionistas. Grande parte do que ele (Michael) questiona foi aprovada por ele mesmo”, diz uma pessoa próxima ao assunto.

O empresário e seu fundo de investimento decidiram se abster da votação sobre a proposta de fixação da remuneração global anual dos membros da administração da companhia por entender que a aprovação “teria o poder de ‘assinar um cheque’ de R$ 105 milhões para o conselho de administração”.

A Via rebateu as alegações em documento feito pelos escritórios de advocacia Pinheiro Neto, Sergio Bermudes e Lefosse. O texto diz que Michael e o fundo de investimento têm “o dever legal de se retratar, sob pena de responderem por quaisquer danos causados à companhia”. A empresa reafirmou essa posição ontem, em nota. Procurado, Michael Klein não comentou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.