06/08/2021 - 13:50
A variante delta avança em todo o mundo e começa a ser transmitida de maneira comunitária no Brasil, embora ainda não seja a versão predominante do vírus (ainda é a gama). A delta, originária da Índia, apresenta sintomas diferentes das variantes alfa (Reino Unido), beta (África do Sul) e gama (Manaus). A delta não induz à perda de olfato e paladar como as outras e pode provocar dores de cabeça, garganta e coriza, semelhante a um resfriado comum.
A secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro publicou nesta semana uma estimativa de que a delta já representa 26,09% do total de casos – na capital fluminense, já corresponde a 45%. Segundo o secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz, em entrevista à GloboNews, a delta deve tornar-se predominante no estado em 30 dias.
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Em São Paulo, o Instituto Adolfo Lutz aponta que a delta já corresponde a 23% dos casos de Covid-19. A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo aponta que esse número deve aumentar bastante nas próximas semanas.
A variante delta é 60% mais transmissível que a alfa, mas ainda não é possível afirmar que seja mais letal. A delta possui também, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, maior probabilidade de infectar vacinados – foi classificada de “tão contagiosa quanto a catapora”.
Pesquisa da Agência de Saúde Pública da Escócia publicada na revista científica The Lancet indica que as infecções pela variante delta resultam duas vezes mais hospitalização de indivíduos não vacinados que a alfa.
Variante delta e as vacinas
Antes de comparar as eficácias das vacinas em relação à variante delta, é importante ressaltar a importância de as pessoas vacinarem-se com a segunda dose. Em primeiro lugar porque apenas uma sociedade totalmente vacinada vai conseguir frear a circulação do coronavírus e evitar, assim, o surgimento de novas mutações genéticas. Além disso, a vacinação tem por objetivo imunizar toda uma comunidade, não apenas indivíduos.
Em segundo lugar, diversos estudos acadêmicos enfatizam que a eficácia de todas vacinas de duas doses disponíveis no Brasil (exceto a Janssen) são significativamente maiores após a segunda aplicação. Em geral, a eficácia de todas as vacinas diminui entre 9% e 12% da variante alfa para a delta. Após as duas doses, a queda fica entre 6% e 8%.
Veja a eficácia das vacinas contra a variante delta:
Pfizer: 1 dose: 33%; 2 doses: 88%
AstraZeneca: 1 dose: 33%; 2 doses: 67%
Janssen: 67%
CoronaVac: não possui estudos definitivos de eficácia contra a variante delta. O porta-voz da Sinovac, farmacêutica chinesa que produz a vacina, Liu Peicheng, disse à Reuters que dados indicam uma redução de três vezes na proteção contra a delta. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou no início de julho que a CoronaVac apresentou bons resultados contra a variante delta em testes de laboratório.
“Nesse momento existem estudos em andamento com relação ao desempenho das vacinas, especificamente em função da variante delta”, disse Covas em nota. “Essa é uma medida necessária, e todas as vacinas têm que ser testadas dessa maneira. O Butantan se prepara para muito em breve também fazer um estudo semelhante.”
Os números acima foram retirados de um estudo de pesquisadores franceses publicado na revista científica Nature e de estudos ingleses publicados no New England Journal of Medicine. Lembrando que as eficácias são relativas às formas leves da covid-19. Os dados sobre a Janssen foram pesquisados na Universidade de Saúde do Sul da Flórida.
Dados divulgados pela Agência de Saúde Pública do Reino Unido em julho deste ano mostram que Pfizer e AstraZeneca reduzem em 90%, com as duas doses, os casos de hospitalizações. Portanto, a variante delta exige mais que nunca a vacinação completa: vacinem-se com a segunda dose!
Estados e municípios cogitaram alterar intervalo entre doses contra a variante Delta
A segunda dose das vacinas Pfizer e AstraZeneca no Brasil tem sido aplicada com intervalo de 12 semanas em relação à primeira. A bula da AstraZeneca prevê que o prazo pode ser de quatro a 12 semanas, enquanto a da Pfizer recomenda o intervalo de ao menos 21 dias. Para atingir o maior número de vacinados com a primeira dose de forma mais rápida, países como o Brasil e o Reino Unido adotaram o prazo de 12 semanas para ambas.
Houve bastante discussão em relação à diminuição do intervalo entre as doses de vacinas, mas tanto a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm), como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontaram a importância de alargar esse prazo de tempo, mesmo que reduza ligeiramente a eficácia, para alcançar mais pessoas.
Veja aqui uma comparação entre as tecnologias e eficácias das vacinas contra outras variantes.