23/12/2017 - 14:04
As compras de última hora para o Natal levaram consumidores a enfrentar temperaturas de mais de 30 graus para encontrar bons preços no mais famoso centro de comércio popular do Rio de Janeiro, a Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara). Para alguns vendedores, no entanto, o movimento ficou abaixo do esperado.
Gerente de uma das maiores lojas da Saara, Maria das Graças, de 50 anos, se preparou para um dia de loja lotada entre as prateleiras com brinquedos e artigos de festa, mas os compradores não vieram no número que ela esperava.
“A gente estava esperando que os atrasados iriam lotar isso aqui hoje. Esperava que fosse bombar”, disse ela, que considera que o Natal de 2017 foi mais fraco que o de 2016, apesar de, também na avaliação dela, o ano ter sido melhor de um modo geral. “Em 2016 se falou muito de crise e as pessoas seguraram mais o dinheiro. Este ano foi melhor, mas o Natal foi mais fraco”.
Com 24 anos de Saara, ela explica que o Natal é importante por aumentar as vendas desde novembro, quando o foco dos clientes são os produtos natalinos. Em dezembro, cresce a demanda por brinquedos. “Mas eu continuo vendendo árvore de Natal. Teve cliente comprando hoje”, disse Maria das Graças.
O presidente do Polo Saara, Toni Haddad, acredita que a variedade e o preço sejam os grandes atrativos da região e conta que mesmo lojas como a sua, que vende comida árabe, se beneficiam com a maior circulação de pessoas antes do Natal.
A expectativa de Haddad é que as festas de fim de ano aumentem as vendas em 20% em relação aos outros meses. Para dele, 2017 foi melhor que 2016, mas ainda ficou abaixo dos anos anteriores.
“Hoje está movimentado, mas o movimento foi mais diluído. Vem sendo mais forte durante o mês de dezembro todo. Foi positivo para nós”, disse ele. “Foi um Natal melhor que o do ano passado”.
Comerciante na Saara há 50 anos, Antonieta Cheade, de 80 anos, discorda. Para sua loja de roupas, o Natal de 2017 foi o pior já registrado. “Pra mim, não teve Natal. Sempre tivemos uma grande venda, mas este ano foi horrível”, lamentou ela, que apontou para o movimento fora da loja: “As pessoas estão passando e não estão entrando”.
A Maquiadora Jaquellyne Gonçalves, de 19 anos, foi à Saara comprar presente para a filha e se surpreendeu: “Para um sábado e véspera de Natal, está vazio. A gente esperava que estivesse muito mais cheio”, disse ela, que considera o local ideal para comprar brinquedos. “Mas tem que dar uma olhada e pesquisar”, aconselha.
Para a dona de casa Regina Martino, de 68 anos, pesquisar preços na Saara é um hábito. Ela conta frequentar o centro comercial diariamente, inclusive para o lazer. “Agora mesmo estava tomando uma cerveja ali. Eu venho todo dia. Você vem com R$ 100, compra uma canga de R$ 10, R$ 12, bijuterias são três por dez, você compra bolsa de praia, toalha. É muito barato”, disse Regina.