Em nova frente de ação após seguidas medidas para incentivar o consumo e movimentar o mercado, o governo decidiu na semana passada lançar mais um arsenal de estímulos, desta vez voltado para o incremento da produção. Do início do ano para cá, esse foi o sétimo pacote consecutivo colocado em prática pelas autoridades como resposta ao cenário de crise internacional. Na essência, ele significa que o governo vai gastar mais indo às compras com um desembolso total superior aos R$ 8,4 bilhões. Setores beneficiados preferencialmente: máquinas e equipamentos, farmacêutico, indústria de transportes e até de armamentos militares, com a aquisição de novos blindados e lançadores de foguetes. No plano geral, o parque como um todo será ainda brindado com uma taxa de financiamento moderadamente menor que a atual. 

 

58.jpg

 

A TJLP foi reduzida de 6% para 5,5% ao ano, e atingiu assim o menor patamar de toda a sua história. Reações de saída no meio empresarial definiram as medidas como mero refresco, de alcance limitado e insuficientes para uma reativação de porte da indústria. Questiona­ram também de onde sairia o dinheiro, qual a realocação prevista dentro do orçamento da União e os efeitos sobre a meta de superávit. A resposta oficial descarta qualquer impacto no superávit primário, cujo objetivo está mantido, e ampara o desembolso no gordo colchão de reservas disponível para uso justamente em ocasiões como essa. O importante a destacar nesse movimento de investimentos é a sinalização do Estado de que retomará gradativamente o seu papel de grande cliente das empresas. 

 

Da mesma maneira, para blindar a economia interna, estuda e já discute um plano multilateral de protecionismo nas fronteiras do Mercosul, com o aumento de tarifas sobre alguns importados. A maior presença estatal na praça, como forte comprador, e a interferência no fluxo natural do livre mercado embutem vantagens e riscos. A mais notória vantagem é a do aumento da demanda e, por tabela, das vendas para grupos nacionais, que devem dessa maneira ampliar produção e faturamento. O risco é o fechamento de praças ou reações negativas, com retaliação a reboque, dos países-parceiros de fora do bloco. Na atual conjuntura, certamente o mais eficaz e com retorno de longo prazo seria a implementação das reformas fiscal e trabalhista das quais o País tanto precisa e espera há décadas.