Brasília, 7 – A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai comprar 200 mil toneladas de trigo gaúcho em Aquisição do Governo Federal (AGF). O anúncio foi feito há pouco pelo diretor presidente da companhia, Edegar Pretto, e pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, conforme antecipou mais cedo o Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

“A Conab fará intervenção no mercado de trigo, porque no Rio Grande do Sul foi verificado preço no mercado abaixo do mínimo. A intervenção será conforme prevê a Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) e por AGF”, disse Pretto em coletiva de imprensa.

“O governo lança mão de medidas em apoio ao produtor rural. A AGF de trigo é uma medida serena para ajudar o agricultor com preço baixo”, destacou Teixeira.

A Conab vai investir R$ 261 milhões na AGF de trigo, com recursos provenientes do crédito extraordinário direcionado à calamidade climática do Rio Grande do Sul. A partir do anúncio da AGF de trigo, produtores gaúchos interessados em comercializar o cereal à Conab ao preço mínimo de R$ 78,51 por saca de 60 kg, para tipo pão, devem procurar os armazéns da companhia para tornar viável a operação. A modalidade da AGF dispensa a necessidade de publicação de edital para compra pública do cereal pela companhia. Produtores e cooperativas gaúchas pediram à Conab a realização de leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) para subsídio ao preço do cereal.

De acordo com Pretto, no primeiro momento, a medida será restrita ao trigo do Rio Grande do Sul, onde verificou-se preço de mercado R$ 11 por saca abaixo do mínimo estabelecido para a safra no Estado, de R$ 78,51 por saca. “Hoje no Rio Grande do Sul vemos essa diferença de preços com trigo sendo comercializado a R$ 67 por saca, mas continuaremos observando o mercado no Estado e dos demais Estados e a eventual necessidade de maior intervenção até o final da safra, que está em curso. Se for necessário faremos nova intervenção no mercado de trigo”, observou Pretto.

O limite máximo de comercialização do cereal por produtor ainda será definido pela companhia, mas tende a ficar entre 2 mil a 3 mil sacas por produtor, segundo o diretor-executivo de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Porto. “A partir da próxima semana, no máximo, o produtor poderá buscar o armazém mais próximo para fazer a entrega do produto tipo pão. A preferência pela AGF foi para reter o produto no mercado interno e no ano que vem podermos devolver ao mercado para balizar o preço e administrar o fluxo de abastecimento e de oferta no mercado interno na entressafra”, disse Porto.

O trigo adquirido pela Conab será direcionado aos estoques públicos da companhia e possivelmente vendido ao mercado na entressafra, quando o preço reagir. A modalidade da AGF prevê venda dos estoques públicos, quando os preços do produto ultrapassarem o Preço de Liberação de Estoques (PLE). “Vamos observar a reação do mercado e à medida que chegar no ponto de afetar o preço com possível impacto de inflação é o momento de liberarmos esse estoque ao mercado. O volume não é expressivo, mas é importante para a recomposição dos estoques e do volume de abastecimento do mercado interno”, observou Porto. “Sabemos que o próprio anúncio vai promover reação ao preço, talvez não seja necessário inclusive os produtores comercializarem todo esse volume”, pontuou.

A última AGF para trigo havia sido realizada pelo governo federal em 2014. No ano passado, a Conab realizou leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) para subsidiar o preço do trigo. Na época, a companhia investiu R$ 255,7 milhões para 479 mil toneladas de trigo.