26/02/2015 - 20:09
O saudita exilado Khalid al-Fawwaz, homem de confiança de Osama bin Laden, foi considerado culpado nesta quinta-feira, em um tribunal em Nova York, pelos atentados da Al-Qaeda a embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia em 1998.
Depois de três dias de deliberações, o júri considerou Fawwaz culpado de quatro acusações de conspirar para matar americanos e destruir propriedades. Ele pode ser condenado à prisão perpétua. A sentença sai em 21 de maio.
O veredito foi anunciado após um julgamento de cinco semanas em uma corte federal americana.
O procurador de Manhattan, Preet Bharara, de 52 anos, comemorou o resultado, alegando que Fawwaz teve “um papel crítico para a Al-Qaeda em sua conspiração assassina contra a América”.
“Fawwaz era um dos primeiros e principais homens de confiança de Bin Laden”, completou.
Segundo ele, o réu “liderou um dos primeiros campos de treinamento da Al-Qaeda no Afeganistão, ajudou a liderar uma célula terrorista no Quênia e ficou anos, em Londres, contribuindo para a criação e divulgação da mensagem do grupo”.
Bharara descreveu Fawwaz como assessor de Bin Laden na capital britânica, mediando entrevistas de jornalistas ocidentais com o líder da Al-Qaeda no Afeganistão, além de disseminar seu “fatwa” de 1998, instando simpatizantes a matar americanos no mundo todo. Foi justamente esse pronunciamento que precedeu os ataques de agosto de 1998. O saldo foi de 224 mortos e mais de cinco mil feridos.
No início do julgamento, a advogada de Defesa Bobbi Sternheim declarou que seu cliente era apenas um homem “calmo e sereno”, que “dedicou sua vida à reforma pacífica em sua corrupta terra natal”.
Ela afirmou que seu cliente “nunca” compartilhou as visões violentas de Bin Laden e da Al-Qaeda, “nunca” foi um membro dessa rede e estava interessado “apenas” em uma reforma na Arábia Saudita.
Segundo a advogada, Fawwaz viajou para Londres com a mulher em “lua de mel” e para estudar Inglês para negócios.
Ele foi detido na capital britânica em setembro de 1998 e já passou 16 anos atrás das grades. Durante 14 anos, lutou na Justiça contra a extradição solicitada pelo governo americano até ser, enfim, enviado para ser processado nos Estados Unidos.
Com isso, chega a dez o número de réus considerados culpados por envolvimento nesses ataques cometidos no Quênia e na Tanzânia. Nos últimos cinco meses, dois dos outros dez réus foram condenados à prisão perpétua. O pregador britânico Abu Hamza, de 56, foi sentenciado em janeiro, e Sulaiman Abu Ghaith, cunhado de Bin Laden e porta-voz da Al-Qaeda, em setembro.
jm/jv/tt/mvv