25/06/2018 - 20:51
O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) mandou retirar as pinturas em grafite que recobrem a fachada posterior e paredes externas do prédio da Pinacoteca de Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo. O órgão entendeu que esse tipo de arte descaracteriza o prédio centenário, tombado pelo patrimônio estadual, e deu prazo até setembro deste ano para que as pinturas sejam removidas. O secretário de Cultura de Mogi, Mateus Sartori, considerou a decisão “preconceituosa” contra uma forma de arte popular. A prefeitura vai pedir a reconsideração da medida.
As pinturas foram feitas em 2016, mesmo ano em que o prédio foi tombado pelo patrimônio histórico do Estado. Conforme o Condephaat, qualquer intervenção em prédio tombado precisa ser submetida ao órgão, o que não aconteceu em Mogi das Cruzes. O conselho enviou técnicos para a cidade depois de receber uma denúncia sobre a intervenção indevida. O Condephaat concluiu que, embora não tenham causado danos físicos ao bem tombado, os grafites devem ser retirados até setembro próximo, com o retorno das cores originais do edifício. O órgão ainda analisa possível aplicação de multa pela intervenção não autorizada.
De acordo com Sartori, a proposta foi de estabelecer um diálogo entre a arquitetura clássica e os artistas contemporâneos. “Considero um preconceito contra o grafite, que é uma arte mais urbana e está presente em muitos prédios mais antigos pelo mundo todo”, disse. Segundo ele, as pinturas na Pinacoteca fazem referência a mais de setenta artistas que ajudaram a compor a história da arte em Mogi das Cruzes. “É um importante memorial que será apagado”, disse, lembrando que as intervenções foram autorizadas pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico (Comphap).
O recurso para que o grafite continue nas paredes da Pinacoteca deve ser protocolado na próxima semana. Conforme Sartori, o Condephaat não foi consultado previamente porque, à época em que as pinturas foram feitas, o prédio não havia sido tombado oficialmente pelo órgão estadual. O prédio histórico foi construído em 1860 e, até 1929, abrigou a Câmara Municipal. Nas décadas seguintes sediou a Escola Normal, o Ginásio do Estado, a Escola Técnica Industrial, o Arquivo Histórico e a biblioteca municipal. Atualmente, é também sede da Secretaria da Cultura. A Pinacoteca mantém em exposição 161 obras de 128 artistas, além de ter 80 obras em reserva técnica.