22/05/2019 - 8:39
A 13.ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão, promovida nesta terça-feira, 21, pelo Instituto Palavra Aberta e pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), teve como tema neste ano a “Liberdade de Imprensa e Responsabilidade”. Representantes dessas instituições defenderam o fortalecimento do jornalismo profissional para fazer frente ao atual cenário de desinformação.
Na plateia do evento, realizado em Brasília, estavam representantes de vários setores da mídia, entre eles o diretor presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto.
Para o presidente da ANJ, Marcelo Rech, nunca a defesa da liberdade de expressão e de imprensa foi tão relevante no País. “Ao longo das últimas décadas, nós vimos diferentes momentos de censura, censura prévia, da qual ainda há resquícios. Vimos recentemente o episódio envolvendo a revista digital Crusoé. Mas de lá para cá, a par das agressões, violências físicas a jornalistas e a empresários de comunicação em geral, vemos uma progressiva sofisticação dos métodos de tolher a livre expressão do pensamento, a livre expressão de ideias, a livre expressão de informação”, disse.
Rech enxerga na defesa do fortalecimento da imprensa profissional e no cumprimento integral da Constituição os caminhos para lidar com o atual cenário de desinformação. “Se a legislação fosse cumprida, os robôs nas redes sociais seriam eliminados”, observou, citando o artigo segundo o qual é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato.
Diante de deputados, o presidente da ANJ ponderou que a aprovação de leis mais restritivas para as redes sociais pode ser arriscada. “Em países em que a democracia ainda não é consolidada, como no Brasil, é complicado abrir portas para o controle da informação”, afirmou. Ele lembrou que a ANJ, que está completando 40 anos, “foi fundada ainda na ditadura militar, sob um princípio basilar, que é a defesa da liberdade de imprensa, da liberdade de expressão no Brasil”.
Presidente executiva do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco destacou que diversos projetos de lei em tramitação na Câmara criminalizam as notícias falsas, mas ela também considera a saída inadequada. “Na medida em que você criminaliza algo que você não sabe o que é, você acaba atingindo a própria liberdade de expressão e de imprensa. O que é notícia falsa? O que é uma notícia fraudulenta?”, questionou. Uma imprensa profissional aliada à educação de professores e alunos para interpretar a mídia é a saída para lidar com o cenário de notícias falsas, na avaliação dela.
O presidente da Abert, Paulo Tonet, também destacou a importância do jornalismo profissional como antídoto para o avanço das fake news. “A pluralidade dos meios de comunicação e a livre escolha de quem os acessa são fundamentais para a liberdade de pensamento e formação das convicções. Por esta razão, nunca o jornalismo profissional foi tão relevante e indispensável”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.