15/12/2015 - 0:00
O resultado da Conferência do Clima em Paris (COP 21) é um marco na diplomacia global e exige que o Brasil pare com o faz de conta na construção de uma economia de baixo carbono.
Até hoje, a política ambiental brasileira beneficiou-se de decisões paralelas e reativas para apoiar sua ação no combate às mudanças climáticas, como por exemplo a contenção, na última década, dos alarmantes níveis de desmatamento. A efetiva motivação sempre foi a de limpar a barra do País em resposta à pressão internacional pela preservação da Floresta Amazônica.
Também teve a seu favor dois ativos construídos no século passado: a matriz energética predominantemente hidrelétrica e a indústria do etanol. Em contrapartida, conviveu com uma política econômica esquizofrênica, que estimulou a indústria automotiva, apoiou o crescimento econômico na exploração do Pré-sal e ligou termoelétricas para dar conta da geração de energia em detrimento de investimento em fontes alternativas.
O descaso tem sido tamanho que parte do promissor parque eólico brasileiro no Nordeste não conseguiu ao longo de 2015 colocar a energia produzida na rede por atraso na ligação das linhas de transmissão.
Não há também qualquer movimento consistente para o desenvolvimento de tecnologia para obtenção de energia solar, algo impensável em um país tropical com regiões de intensa insolação como o Brasil.
A partir de agora será necessário bem mais do que a boa vontade da Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira para demonstrar a real disposição do Brasil em avançar para uma Economia de Baixo Carbono. Um dos principais dispositivos do acordo de Paris é a revisão a cada cinco anos das medidas adotadas pelos países para verificar se são suficientes para o combate às mudanças climáticas.
Se a COP 21 não saciou a expectativa daqueles que queriam metas e sanções imediatas para as emissões dos gases causadores do efeito estufa, construiu, no entanto, consenso em torno de uma governança ambiental global, base necessária para tudo o que virá a seguir. De fato, destravou o processo e construiu o caminho a ser trilhado.
É preciso agora caminhar com determinação. Seria ótimo que fosse a partir de uma tomada de consciência e do estabelecimento de uma política de desenvolvimento voltada a uma Economia de Baixo Carbono, o que parece improvável no cenário político e econômico atual. Que seja então pela força do compromisso internacional assumido e a pressão externa por avanços na política ambiental. Espera-se o fim do embromation.