03/01/2020 - 16:17
O julgamento do ex-produtor de cinema independente Harvey Weinstein por assédio sexual e estupro começa na próxima segunda-feira (6). Essas são as principais datas do escândalo que deu origem ao movimento #MeToo, uma iniciativa que combate a violência contra a mulher.
– 5/10/17: Vem à tona escândalo –
O jornal New York Times publica uma grande investigação detalhando várias alegações de assédio sexual e agressão contra Weinstein ao longo de três décadas. As atrizes Ashley Judd e Rose McGowan são as acusadoras mais conhecidas.
O jornal revela que Weinstein chegou a acordos financeiros com pelo menos oito mulheres para guardarem silêncio sobre os abusos.
“Percebo que a maneira como me comportei com colegas no passado causou muita dor e lamento profundamente”, disse Weinstein.
Seu advogado afirma que o ex-produtor “nega muitas das acusações, que são totalmente falsas”.
O conselho de administração da produtora de filmes Weinstein Company, da qual o magnata controla com seu irmão Bob, é forçado a demiti-lo alguns dias depois.
– 10/10/17: Primeira acusação de estupro –
A atriz e diretora de cinema italiana Asia Argento diz à revista The New Yorker que Weinstein a estuprou em 1997. Duas outras mulheres também o acusam de agressão sexual.
As atrizes Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie e Rosanna Arquette se unem à lista de mulheres que denunciam Weinstein por assédio.
Uma porta-voz de Weinstein indica que o produtor nega todas as acusações de relações sexuais não consentidas.
– 14/10/17: Expulso da Academia –
O conselho da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, instituição que concede o Oscar, vota pela expulsão de Weinstein, cujos filmes ganharam dezenas de estatuetas ao longo dos anos.
A medida que passam as semanas, mais mulheres decidem revelar publicamente que foram assediadas por Weinstein, tanto nas redes sociais como diante das câmeras de televisão.
Outros nomes ilustres de Hollywood e de várias áreas do entretenimento nos Estados Unidos, além do jornalismo, são denunciados por assédio sexual. O movimento #MeToo ganha força.
– 25/5/18: Weinstein é acusado formalmente –
É revelado que os promotores que cuidam do caso em Nova York arquivaram uma investigação contra Weinstein sobre assédio em primeiro e terceiro graus contra uma mulher não identificada em 2013, assim como de obrigar a aspirante à atriz Lucia Evans a fazer nele sexo oral em 2004.
Weinstein comparece diante de um juiz numa corte de Manhattan após se entregar à polícia, seguido por dezenas jornalistas e fotógrafos.
Seu advogado à época, Ben Brafman, negocia uma fiança de um milhão de dólares e garante que seu cliente será declarado não culpado. Weinstein passa a usar uma tornozeleira eletrônica para ficar em liberdade.
– 2/7/18: Uma nova acusadora –
A promotoria acrescenta três novas acusações por um ato sexual “forçado” em julho de 2006 contra uma terceira mulher, a assistente de produção Mimi Haleyi. Weinstein agora enfrenta um total de seis acusações e pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado.
– 11/10/18: Abandono de acusações –
A promotoria decide abandonar as acusações relacionadas à Evans após revelar que a acusadora contou a uma amiga que praticou sexo oral de maneira voluntaria em Weinstein em troca de um papel como atriz.
– 25/1/19: Mudança de advogados –
Weinstein demite seu famoso advogado Ben Brafman e contrata dois novos defensores. Seis meses depois, ele também dispensa a dupla e contrata uma equipe liderada por uma mulher, a advogada de Chicago Donna Rotunno.
– 26/8/19: Uma nova acusação –
Os promotores apresentam uma nova acusação que permitirá que a atriz da série “Família Soprano”, Annabella Sciorra, participe do julgamento como testemunha de acusação.
Sciorra afirma que Weinstein a estuprou no fim de 1993 e no início de 1994 em Manhattan. Seu caso está prescrito, mas os promotores esperam que sua história ajude a convencer o júri de que Weinstein era um predador sexual.
O julgamento, originalmente fixado para setembro, é adiado para 6 de janeiro de 2020.
– 11/12/19: Acordo –
Weinstein chega a um acordo de 25 milhões de dólares com mais de 30 atrizes que o acusam de assédio e abuso sexual, em uma ação coletiva não ligada ao seu julgamento.
Conforme o acordo, Weinstein não tem que admitir nenhuma culpa.
Alguns dias depois, o ex-produtor concede uma entrevista incomum ao New York Post, quando se recuperava em um hospital após uma operação nas costas. Na conversa, reclama que o mundo esqueceu que ele foi um “pioneiro” na promoção de mulheres no cinema, o que causa indignação.