01/08/2019 - 15:20
A influência do aquecimento global nos deslizamentos de pedras, que se multiplicam há 20 anos, está demonstrada cientificamente. A sucessão de uma série de verões com temperaturas recordes na França – 2003, 2006, 2015, 2017 e 2018 – agrava o problema.
Confira abaixo os principais deslizamentos (quedas de mais de 100 metros cúbicos) registrados no maciço do Mont Blanc, a montanha mais alta dos Alpes, no leste da França.
– 2005 –
O deslizamento mais impressionante continua sendo o ocorrido em 2005 em parte do Petit Dru, visível da localidade de Chamonix. Dois anos antes, a onda de calor durante o verão de 2003, favoreceu o aquecimento do permafrost. O calor demora um tempo a penetrar na montanha – cujos blocos rochosos estão cimentados por um gelo milenar – e segue se propagando pelo interior, embora do lado de fora faça frio.
Em junho de 2005, 292.000 m3 de rocha e um pedaço da história do alpinismo vieram abaixo. O pilar Bonatti caiu no vazio, provocando um enorme estrondo e uma imensa nuvem de poeira.
A via desta temida parede foi aberta em escalada solo pelo italiano Walter Bonatti, em agosto de 1955, após seis dias de esforços, transformando-o em uma lenda.
Desde o deslizamento, a cicatriz continua visível. Na face sudoeste do Petit Dru, é visível uma longa marca cinza no local da queda, que contrasta com a rocha mais avermelhada, oxidada, do paredão.
No outono de 2011, vários deslizamentos de menor importância tiraram 70.000 m3 de granito extra do mesmo setor.
– 2015 –
Ocorreram deslizamentos nos setores da Tour Ronde e da “agulha” do Tacul.
– 2018 –
Como já havia ocorrido no verão de 2015, os deslizamentos (menos de 100 m3) regulares no corredor do Goûter impediram centenas de alpinistas de escalarem o Mont Blanc pela via considerada “normal”, a mais movimentada.
Em agosto, veio abaixo um pedaço do Arête des Cosmiques. Esta parede, fácil de escalar, é muito frequentada também devido à proximidade do teleférico da “agulha” de Midi. É uma escalada clássica para muitos alpinistas, inclusive para os que são praticamente iniciantes e se aclimatam antes de “conquistar” o Mont Blanc.
Em uma noite de novembro, desabaram milhares de metros cúbicos de um esporão de uma margem do glaciar de Taconnaz, no vale do Chamonix. A massa caiu a toda velocidade por quase dois quilômetros.