Se você está acostumado a voar na tradicional primeira classe, prepare-se. Uma revolução sobrevoa os corredores das aeronaves das principais companhias aéreas. No comando estão decoradores, chefs de cozinha, enólogos e designers renomados que andam transformando a gélida fuselagem em um ambiente requintado para os passageiros mais abonados. Há paparicos como travesseiros e cobertores com penas de ganso, poltronas que se transformam em cama e, pasmem, um avião inteirinho de classe executiva de luxo. Isso mesmo, um vôo no qual não existe classe econômica. Essa novidade pode ser vista em um vôo da Lufthansa, que sai de Düsseldorf, na Alemanha, e vai até Newark, em Nova York.

Por enquanto, trata-se de um embrião que está sendo testado. São apenas 48 espaçosas poltronas muito bem divididas em um Boeing 737. O serviço é todo personalizado e tem até uma sala de estar para os passageiros andarem, baterem papo e se distraírem. Essa poderá ser, no futuro, a segregação total entre as classes. Enquanto essa divisão definitiva não chega, as companhias aéreas tratam de melhorar os seus serviços em um mundo à parte dentro do mesmo universo.

Uma pequena amostra do que isso significa pode ser vista em algumas companhias nacionais e internacionais. A TAM, por exemplo, está operando os vôos que vão a Paris e a Miami com quatro novas aeronaves Airbus A330. Cada uma das poltronas pode ser transformada em cama, escritório e minissala de estar com todos apetrechos como entradas para notebooks. O passageiro que viajar pela empresa terá serviços ao seu dispor até mesmo quando aterrissar. Quem quiser pode reservar uma limusine para pegá-lo no aeroporto e levá-lo ao hotel.

Os cuidados com o seleto passageiro não param por aí. A
Singapure Airlines, uma das que sempre estão na liderança quando o assunto é satisfação do cliente, acaba de investir US$ 16,4 milhões na melhoria de sua adega. As garrafas de vinho e champanhe apreciadas nos assentos de luxo são compradas diretamente dos melhores produtores franceses e são escolhidas a dedo pela equipe de someliers que servem, por exemplo, a sofisticada champanhe Krug. No quesito cardápio, outras se destacam. A chinesa Cathay Pacific Airways, por exemplo, investiu US$ 200 milhões para transformar a sua cozinha em uma das melhores do mundo servindo pratos orientais e ocidentais. Nesse sentido, a Varig também conta com um time de ponta. Entre os chefs que já assinaram o menu da empresa encontram-se Emmanuel Bassoleil, Carla Pernambuco entre outros.

Decoração. Mas isso tudo só importa se o avião estiver impecavelmente decorado. A japonesa Japan Airlines, a inglesa British Airlines e a finlandesa Finair são exímias competidoras
nesse item. No trecho de Tóquio a Nova York, a Japan Airlines convocou o designer Ross Lovegrove, responsável pelo i-Mac,
para dar um aspecto futurista para as poltronas com linhas
arrojadas e air bags embutidos que massageiam os passageiros
. A British deixou a decoração de seus Boeings 747 e 777 a cargo
de uma das mais renomadas profissionais do ramo: Kelly Hoppen, para dar um ar mais clássico à primeira classe. A Finair, que não
tem primeira classe, somente uma espécie de executiva mais luxuosa, optou por um estilo mais clean. Nem por isso deixou a tecnologia de lado: todos os passageiros podem enviar e-mail e usar o telefax. Mesmo caminho traçado pela Delta Air Lines, que investiu US$ 314 milhões na sua BusinessElite, na qual cada passageiro conta com um telefone pessoal.