A fusão entre Antarctica e Brahma que gerou a Ambev parece não terminar. Duas novas frentes acabam de se abrir nessa novela, iniciada em 1999, quando as duas cervejarias anunciaram o casamento. Numa delas, o Ministério Público do Estado de São Paulo acaba de solicitar a abertura de um inquérito criminal contra a Ambev para apurar o possível abuso de poder econômico contra a Braumeister, uma rede de cervejarias com forte presença em shopping centers. A segunda frente abriu-se no exterior. A mesma Braumeister enviou comunicado à SEC, o xerife do mercado de capitais dos Estados Unidos, avisando que havia uma representação na Secretaria de Direito Econômico contra a Ambev. A SEC respondeu em duas etapas. Em 7 de fevereiro enviou uma resposta automática acusando o recebimento do material enviado pela Braumeister. Depois em princípio de abril, voltou ao assunto em nova correspondência dirigida aos advogados da empresa no Brasil. No texto, assinado por Philip Neri, diz que a ?manifestação é bem vinda, uma vez que mantemos um banco de dados de informações acerca das reclamações e solicitações recebidas. Esse banco de dados nos permite rastrear se uma situação problemática está se configurando em assunto específico de uma empresa?. Isso não significa que a SEC tenha tomado (ou venha a tomar) qualquer tipo de ação em relação à Ambev ? o órgão americano, aliás, trata essas questões em absoluto sigilo.

Os fatos são novos. A briga, não. As trombadas entre Braumeister e Ambev começaram logo depois da fusão. A Braumeister alega que a Ambev exigia exclusividade na venda de seus produtos nas cervejarias da rede. Isso contraria o Termo de Compromisso de Desempenho, assinado junto ao Cade por ocasião da fusão. ?Além disso, eles aumentaram os preços em 68%, contra uma inflação de 13%?, diz Luís Carlos Pascual, advogado da Braumeister. ?Essa atitude inviabilizaria a empresa.? Diante disso, afirma Pascual, a Braumeister começou a fabricar seu próprio chopp. A Ambev não aceitou isso e retirou os equipamentos da rede cedidos em comodato. Segundo a Ambev, a Braumeister os utilizava indevidamente, pois não comercializava exclusivamente os produtos Ambev. Além disso, investiu R$ 1,2 milhão nas lojas da Braumeister, o que permitiria à Ambev ter a exclusividade. A disputa foi parar na Justiça. ?Nós é que somos vítimas?, diz Antonio Totaro, gerente jurídico da Ambev.