Dina Boluarte foi destituída por “incapacidade moral”, em meio a acusações de corrupção e enriquecimento ilícito. Presidente do Congresso, José Jerí, deve ocupar cargo de presidente interino até as próximas eleições.O presidente do Congresso do Peru, o direitista José Jerí, assumiu na madrugada desta sexta-feira (10/10) o posto de presidente interino do país, após a destituição relâmpago nesta quinta-feira da presidente Dina Boluarte, primeira mulher a ocupar o cargo.

Ela foi destituída pelo Congresso, encerrando de forma abrupta seu mandato de dois anos e dez meses e longe de ter cumprido a promessa de pacificar o país, marcado por protestos duramente reprimidos, mortes e escândalos de corrução.

O parlamento peruano empossou Jerí como chefe de Estado até as próximas eleições gerais, convocadas para abril de 2026, conforme determina a Constituição quando o presidente não dispõe de vice. No caso de Boluarte, ela era a vice do esquerdista Pedro Castillo, também destituído, no fim de 2022.

Jerí, de 38 anos, é presidente do Congresso do Peru desde agosto, após ter chegado ao parlamento como congressista suplente nas eleições de 2021, no lugar do ex-presidente Martín Vizcarra, que havia sido o parlamentar mais votado, mas não pôde assumir sua cadeira por estar impedido pelo Congresso.

Histórico da crise

Boluarte é a quarta chefe de governo do país a ser destituída pelo Legislativo neste século, depois dos casos de Martín Vizcarra, Pedro Castillo e Alberto Fujimori.

O Congresso decidiu pelo afastamento de Boluarte argumentando uma “permanente incapacidade moral” para enfrentar a crescente insegurança e a escalada do crime organizado.

A ex-presidente não compareceu ao plenário para exercer seu direito de defesa, o que levou Jerí a anunciar a decisão de continuar com o processo de destituição.

O Peru vive ondas de manifestações, principalmente em Puno e Juliaca, onde confrontos com forças de repressão causaram dezenas de mortos. O Ministério Público propõe investigar a ex-presidente e alguns ministros por genocídio.

A crise no país se agravou com o escândalo do “Rolexgate”, em 2024, sobre relógios e joias de luxo não declaradas.

sf/md (EFE, ots)