Ao longo do tempo, cientistas vêm descobrindo diferentes utilidades do apêndice. O órgão, conhecido pelas inflamações e necessidade de remoção do corpo humano por ameaçar a vida em algumas ocasiões, mostra hoje em dia os benefícios que carrega consigo.

Em 2007, uma equipe do Centro Médico da Universidade Duke fez um grande avanço quando descobriu que o apêndice tinha uma rica biopelícula. Essa biopelícula é uma capa de bactérias benéficas, compatíveis com as formados da flora intestinal e que ajudam a extrair energia e nutrientes dos alimentos. Ademais, na digestão de fibras, essas bactérias produzem ácidos graxos de cadeia curta que podem cruzar para a corrente sanguínea e proteger o cérebro.

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O apêndice, então, passou a ser visto como um repositor dessas bactérias quando as perdemos do intestino – por exemplo, quando ingerimos antibióticos ou passamos por uma diarreia.

Além das bactérias, o apêndice serve como protetor do intestino, pois contém uma alta concentração de tecido lonfoide associado ao intestino, que busca responder ao perigo quando o intestino é apresentado a alguma ameaça.

Heather Smith, professora associada da Faculdade de Medicina Osteopática da Universidade do Meio-Oeste do Arizona, estudou a evolução das características gastrointestinais em diferentes espécies animais. Sua nova pesquisa, publicada na revista Comptes Rendus Palevol, analisou a presença ou ausência de um apêndice em 533 mamíferos diferentes. Agora, o apêndice é foco de estudos que tentam compreender melhor sua função.

Ao mesmo tempo, algumas pesquisas sugerem uma conexão entre o intestino e o cérebro.

“Uma das áreas mais empolgantes da ciência do cérebro e da neurologia no momento é a crescente percepção dos intestinos e da microbiota intestinal nas doenças neurodegenerativas”, diz o professor John Cryan, da Universidade de Cork (Irlanda).

As pesquisas ainda são ambíguas, mas segundo ele “uma coisa é clara: não podemos ignorar o apêndice no que diz respeito à sinalização entre cérebro e intestino”.