Você já deve conhecer o saquê, tradicional bebida alcoólica japonesa fermentada, a base de arroz. Mas existem outros produtos icônicos por lá, mas não tão conhecidos no mundo, como o shochu e o awamori. O governo do Japão quer disseminar essas duas bebidas pelo mundo e vê no Brasil um mercado em potencial. Para isso, investe em marketing e eventos por aqui. Entre eles, a The Shochu Academy, que ocorreu nos dias 2 e 3 deste mês em São Paulo e no Rio de Janeiro, pelo segundo ano consecutivo. A atividade foi organizada pela Mega Sake, de Fábio Ota, e por Roberto Maxwell, dois brasileiros especialistas nas bebidas japonesas.

Segundo Ota, o Japão virou referência de qualidade na produção de bebidas alcoólicas e “nada mais natural” que o mundo passe a conhecer melhor o shochu e o awamori. “Apresentam tamanha diversidade e potencial, e têm tudo para serem os próximos sucessos no mercado internacional de bebidas”, disse Ota, importador e sommelier com 11 certificações internacionais, sendo o único brasileiro com o título de Master Sake Sommelier pela Sake Sommelier Association (SSA) de Londres, título este que somente 14 outras pessoas no mundo possuem. A Mega Sake, de Ota, já fornece regularmente para cerca de 200 restaurantes e bares nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, incluindo diversos estabelecimentos premiados e alguns de culinária não asiática, como D.O.M., Fame, Evvai e Oteque.

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O shochu (pronuncia-se xô-tchu) é uma bebida destilada à base de água, koji (fungo também utilizado na produção de saquê), missô e shoyu, além de um ingrediente principal que pode ser, mais comumente, arroz, cevada, trigo sarraceno, açúcar mascavo e batata doce. Sua graduação alcoólica pode variar entre 15% e 45%. Já o awamori, que acredita-se ser o antecessor do shochu, é feito exclusivamente de arroz, água e koji negro e é produzido apenas na província de Okinawa. Ele pode ser envelhecido em potes de cerâmica e seu teor alcoólico fica entre 30% e 43%.

Em 2020, a demanda por shochu representou 15,4% do total de álcool consumido em todo o país, contra 4% do saquê, de acordo com a Forbes. Com relação à exportação, o cenário é outro. Em 2021, as vendas de saquê para outros países bateu o recorde de US$ 295 milhões, contra apenas US$ 13 milhões do seu conterrâneo shochu. Isso se deve em parte ao forte investimento em ações de divulgação e subsídios à exportação de saquê, promovidos pela JSS (Japan Sake and Shochu Producers Association) e pelo governo japonês. Aqui no Brasil, para este ano, a JSS decidiu focar na divulgação do shochu e do awamori.

Para Roberto Maxwell, radicado há 17 anos no Japão, do ano passado para cá houve uma mudança de postura dos bartenders com relação ao shochu e ao awamori. “Mais gente fala das bebidas e mais bares passaram a considerar oferecê-la em seus cardápios. Estamos no caminho certo e espero que a academia este ano seja um sucesso, como foi no ano passado”, afirmou.