Com a retomada do ciclo de elevação da Selic no ano passado, a renda fixa voltou a atrair (muito) interesse dos investidores brasileiros. Em paralelo, um produto que ganhou destaque foram os ETFs (ou fundos de índice) de renda fixa.

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O cenário não é só doméstico. De uma perspectiva global, explica Flávio Vegas, especialista em produtos da Global X, este é em um momento interessante para a renda fixa. “A gente acredita que essa é uma tendência que deve se manter no médio prazo. Os juros nos EUA hoje estão na casa de 4,5% ao ano. Apesar da expectativa de queda, é um patamar interessante para a renda fixa”, diz.

O que são ETFs de renda fixa?

Há duas características principais que definem os ETFs. Em primeiro lugar, como o próprio nome indica, são fundos cujas cotas são negociadas na bolsa – ETF vem da sigla em inglês para Exchange Traded Funds (fundos negociados em bolsa). Ou seja, a negociação dos ETFs acontece da mesma forma como a de uma ação. Uma diferença importante, vale ressaltar, é que é possível comprar uma única cota de ETF, enquanto as ações são negociadas em lotes.

A segunda característica dos ETFs é que eles seguem um índice de referência. Por isso, também são conhecidos como fundos de índice. Isso significa que um ETF tem uma carteira que busca replicar um índice do mercado, como o Ibovespa, um índice que acompanha o desempenho as ações mais líquidas no Brasil. Mas há também índices voltados para a renda fixa, que medem o desempenho de títulos públicos ou de crédito privado, por exemplo.

Por muito tempo, os ETFs foram conhecidos como instrumentos de renda variável, mas a oferta e a busca por opções de renda fixa têm aumentado.

Expectativa de crescimento dos ETFs

Nos Estados Unidos, lembra Tiago Ranalli, sócio da CX3, os ETFs cresceram exponencialmente após 2011, quando o mercado passou a conviver com novas regras de transparência quanto ao modelo de remuneração dos assessores e consultores de investimentos.

Algo similar acontece aqui no Brasil. Em novembro, entrou em vigor a norma da CVM, que visa dar mais transparência à relação entre investidores e assessores de investimento no Brasil, trazendo mais informações sobre os custos e a remuneração desses profissionais. A partir de agora, os assessores de investimentos são obrigados a divulgar a seus clientes quais as taxas de remuneração e comissões recebidas pela recomendação de produtos financeiros.

Assim, segundo Tiago, a expectativa é de um crescimento importante dos fundos de índice aqui também por aqui.

Mas Tiago acredita que esse mercado ainda precisa continuar a se desenvolver, a fim de oferecer mais estratégias para os investidores. “É preciso ter mais opções no mercado, mas isso faz parte da evolução. Com o tempo, boa parte das carteiras dos clientes vai ser montada com ETFs”, diz.

Prós e contras dos ETFs de renda fixa

Entre as vantagens, os especialistas citam principalmente cinco:

1. Facilidade de acesso
Como os ETFs são negociados em bolsa como as ações, Tiago Ranalli cita a facilidade no acesso a esse tipo de investimento. Além da ser uma compra simples na parte operacional, os valores mínimos para investir em ETFs também costumam ser mais baixos do que alguns instrumentos de renda fixa.

2. Transparência
Como os ETFs seguem um índice de referência, os investidores conseguem saber exatamente o que há na carteira de cada fundo – o que não é necessariamente verdade em fundos abertos.

3. Custo baixo
As taxas de administração dos ETFs costumam ser mais baixas do que as de fundos abertos. No longo prazo, isso favorece o desempenho dos fundos de índice. Eles também não sofrem a incidência do come-cotas, a antecipação de imposto que acontece a cada 6 meses em alguns tipos de fundos de investimentos abertos.

4. Liquidez
Como os ETFs são negociados em bolsa – e no Brasil contam obrigatoriamente com market makers – o investidor consegue comprar e vender com facilidade suas posições em fundos listados. “Você entra no balcão de negociação, vende e em 2 dias [o valor] está na sua conta, comenta Ranalli.

5. Diversificação
Ao adquirir uma cota de um ETF, o investidor tem acesso a uma carteira diversificada, em um único produto.

Menor previsibilidade

Por outro lado, os ETFs não contam com a previsibilidade de outros títulos de renda fixa. Por exemplo: se alguém adquire um título do Tesouro Prefixado, sabe exatamente quanto irá resgatar na data de vencimento. Isso não acontece nos ETFs.

Para qual perfil de investidor o ETF de renda fixa se encaixa?

Segundo Anderson Ferreira, head de distribuição da W1, os ETFs de renda fixa servem para investidores de perfil moderado ou arrojado. Isso porque apesar de terem títulos de renda fixa em suas carteiras, a volatilidade do preço das cotas pode assustar quem tem um perfil mais conservador e avesso ao risco.

Como é a tributação dos ETFs?

Uma vantagem dos ETFs de renda fixa para os investidores é que o imposto de renda é retido na fonte. Então, quando você faz uma venda com lucro, a corretora é quem apura o valor do imposto, e te entrega o valor líquido (valor da venda, menos o valor do imposto de renda).

Já a alíquota do imposto depende do prazo médio dos títulos que estão na carteira do ETF. Para ETFs com prazo médio de mais de dois anos, a alíquota é de 15% – e a maioria dos ETFs de renda fixa listados têm esse prazo médio. Vale ressaltar que esse valor não depende de quanto tempo você manteve o ETF na carteira.

Como investir em ETFs?

Para investir em ETFs é necessário abrir uma conta em uma corretora de valores de sua preferência, que esteja registrada na CVM.

Com a conta aberta, acesse a plataforma de investimento da instituição e busque por ETFs (por vezes, essa opção está dentro da aba de renda variável). Lá, busque o ticker (código formado por 4 letras e 2 números) do ETF escolhido, e o número de cotas. A plataforma vai mostrar o valor de cada cota naquele momento.

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