08/08/2022 - 13:17
Acne é uma doença de pele que acomete homens e, principalmente, mulheres durante todas as fases da vida, da adolescência à menopausa, por exemplo. Segundo um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) em 2018, a condição é o principal motivo de consulta dermatológica no Brasil. No entanto, apesar de ser um fator comum, ainda há desinformação acerca do tema.
Monisa Nóbrega, dermatologista e membro da SBD, esclarece que a acne é multifatorial. Ou seja, pode estar relacionada a uma série de fatores, como saúde física e mental, clima, alimentação e estilo de vida. “Logo, se não tratar o seu organismo como um todo, da cabeça aos pés, literalmente, não terá um sucesso duradouro no tratamento”, ressalta.
Um tratamento eficaz requer acompanhamento multidisciplinar, para que todos os “agentes causadores da acne” sejam abordados. Segundo a especialista, “a inflamação pode ter um fator principal, mas existem outras causas que, também, devem ser ajustadas, inclusive para evitar outras consequências na pele, como manchas e cicatrizes”.
Principais erros dos pacientes
Monisa alerta que o principal erro de pacientes com acne é, ao perceber melhora, deixar o tratamento e não realizar as consultas de manutenção. Ela defende a importância do acompanhamento profissional, com periodicidade segundo recomendação individual, visto que a doença pode reincidir, conforme os fatores de sua causa.
“A manutenção do tratamento é essencial, porque não existe milagre contra acne. Eu nunca vou dizer para um paciente: ‘você está curado de acne e nunca mais precisará voltar aqui por causa disso’. Não é assim que funciona”, destaca a médica.
Outro erro listado pela especialista, que, embora pareça inofensivo, tende a piorar a condição e merece muita atenção, é a limpeza de pele. Segundo Monisa, “quando não é bem indicado ou é mal feito, o procedimento pode piorar a inflamação, proliferando mais bactérias e resultando no chamado ‘efeito rebote'”.
Métodos de tratamento
O tratamento ideal para acne varia de acordo com as especificidades do paciente, e deve ser sempre recomendado por um dermatologista de confiança. Portanto, se automedicar nunca será uma solução, assim como aderir a receitas naturais que “prometem milagres”. Sobre essa segunda “alternativa”, Monisa alerta os riscos de alergias e contaminações, que podem agravar a situação ou desencadear outros problemas de pele, visto que são carentes de comprovação científica, testes dermatológicos e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Entre as melhores opções de tratamento, a médica destaca “a linha medicamentosa”, pois, quando devidamente indicada, pode trazer bons resultados a longo prazo. Contudo, isso não exclui a necessidade de uma rotina de “skincare”, que deve ter como base os seguintes produtos faciais: sabonete, hidratante e protetor solar (pela manhã).
Algumas tecnologias no consultório dermatológico também podem ajudar no processo. Monisa costuma indicar um protocolo a base de laser, luz pulsada e peelings específicos para o grau de acne do paciente. “Com esse conjunto, meu foco é abordar todos os aspectos que formam a acne: a inflamação e a bactéria que está causando a inflamação. Além disso, promover melhorias nas manchas, poros abertos e cicatrizes”.
A especialista finaliza destacando: “cada pele reage de uma maneira, cada uma tem o seu tempo e isso deve ser respeitado. O segredo é seguir a recomendação médica, acreditar no tratamento e ter paciência”.