As decisões do bilionário Elon Musk à frente do Twitter têm gerado reviravoltas no universo das redes sociais desde que o empresário adquiriu a plataforma em outubro de 2022, mas, especialmente nas últimas semanas, suas atitudes têm causado impactos relevantes no mercado digital. Após privilegiar perfis de usuários pagos e estabelecer um limite de leitura de postagens, no episódio mais recente das suas atitudes polêmicas, o Twitter acabou com o acesso gratuito à sua API (“Application Program Interface” ou “Interface de Programação de Aplicações”, em tradução livre).

A plataforma agora só disponibiliza uma versão da API muito restrita e com preços muito altos. Essa iniciativa tem consequências importantes porque afeta diretamente o trabalho de desenvolvedores, pesquisadores e estudantes que usam o mecanismo para poder monitorar e obter dados da rede. O fim da gratuidade do acesso restringe ou impossibilita agora estes trabalhos.

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Diante das incertezas causadas pela rede do passarinho azul, empresas concorrentes aproveitaram a oportunidade e buscam se viabilizarem como alternativas ao Twitter. A IstoÉ Dinheiro faz uma comparação entre as plataformas. Confira a seguir:

Twitter, o líder contestado

A plataforma permite fazer postagens com textos curtos (280 caracteres), imagens, links e vídeos, cujo limite para contas gratuitas é de 2m20s. É possível também agendar publicações. Já os assinantes, que pagam R$ 42 por mês, podem subir materiais de até duas horas.

Em relação a outras redes, o Twitter possui regras de moderação mais brandas permitindo pornografia, por exemplo. Desde que Elon Musk adquiriu a rede social, ele implantou sua visão de “liberdade de expressão” tornando a rede mais tolerante com falas e perfis extremistas. Atualmente, a plataforma veda discurso violento ou que promova exploração sexual de menores, assédio, suicídio e atividades ilegais.

Já no campo da privacidade, o Twitter coleta dados de compras e localização e usa essas informações para distribuir anúncios, mas pede menos informações do que a sua principal rival, a Threads. Ele não utiliza informações financeiras, de compras ou de saúde e condicionamento físico, por exemplo. A linguagem da sua Política de Privacidade também é acessível aos usuários e tem versão em português.

O Twitter possui quase 238 milhões de usuários ativos diários monetizáveis, segundo dados do último relatório de ganhos trimestrais da empresa.

Veja a comparação entre as principais redes. Crédito: IstoÉ

Threads, a aposta da Meta

A Meta aproveitou o momento de abalo da rede de Musk para lançar o Threads, rede de microblogs similar ao Twitter, e conseguiu em poucos dias mais de 49 milhões de usuários ativos. Porém, após este surgimento surpreendente, o número de internautas ativos caiu para 23,6 milhões nos últimos dias.

A rede da controladora do Facebook oferece recursos de postagem em textos com 500 caracteres, links, imagens e vídeos de até cinco minutos. Uma das características únicas do Threads é a conexão automática com o Instagram, o que pode ser bom ou ruim, já que para deletar a conta na rede é necessário também apagar o perfil da plataforma de fotos.

O Threads é a rede que pede acesso a maior variedade de informações pessoais: dados financeiros; de saúde e condicionamento físico; informações de contato; conteúdo do usuário; histórico de navegação; informações de uso; diagnóstico; compras; localização; contatos; e identificadores.

Embora a plataforma tenha sido projetada para compartilhar dados do Instagram, o que inclui informações comportamentais e de consumo de publicidade, Mark Zuckerberg afirmou que o Threads só discutirá a venda de propagandas após a rede atingir seu primeiro bilhão de usuários. No que diz respeito à sua moderação, o Threads adotará as mesmas normas da sua rede social de fotos irmã. Sendo assim, é proibido publicar imagens de nudez e de incitação à atividades ilegais.

Koo, a rede que conquistou o Brasil

A plataforma indiana Koo ganhou destaque entre os brasileiros no final de 2022 diante dos controversos anúncios de Elon Musk em relação ao Twitter. Esse “boom” da empresa no país fez com que os seus criadores elaborassem uma versão da rede em português.

A plataforma oferece aos usuários a possibilidade de enviar textos maiores do que os do Twitter (500 caracteres), fotos e vídeos. O aplicativo também possui uma “Trending Hashtags”, similar à do Twitter, que mostra os principais assuntos do dia.

Sua interface é bem mais simples e “limpa” do que a do seu rival, o que pode ser bom para quem não gosta de muitas informações na tela. Uma das características únicas do Koo é a função “voz para texto”, que transforma o que é dito em texto. Além disso, o aplicativo oferece recursos como agendar publicações, salvar rascunhos e publicar em vários idiomas simultaneamente.

Em relação à moderação, a plataforma proíbe qualquer tipo de discurso de ódio, conteúdos ofensivos e discriminatórios. Porém, a rede vinha sendo acusada de permitir discursos de ódio, principalmente contra muçulmanos, e de ter pouco ou quase nenhum controle sobre o que as pessoas compartilhavam.

Diante disso, em março deste ano, a rede lançou novas ferramentas para reprimir e bloquear conteúdos indesejados, como abuso infantil, pornografia, discursos de ódio e desinformação. Em relação à política de privacidade, o Koo coleta poucos dados se comparado aos concorrentes: informações de contato; conteúdo de usuário; identificadores; contatos; histórico de buscas; e informações de uso. Essas informações, porém, são suficientes para se lucrar com a sua venda. O Koo possuía aproximadamente 4,1 milhões de usuários ativos em janeiro deste ano, conforme a empresa comunicou a investidores.

Bluesky, rede aberta do fundador do Twitter

A Bluesky, criada por Jack Dorsey, co-fundador e ex-CEO do Twitter, é bem diferente das outras plataformas porque para acessá-la é necessário um convite ou entrar na lista de espera. Além disso, ela se destaca das demais por ser uma rede descentralizada, na qual todas as informações compartilhadas são armazenadas em servidores independentes, que não pertencem à empresa desenvolvedora, o que proporciona um maior controle dos usuários sobre seus próprios dados.

A rede é a que menos importa dados dos internautas devido à sua proposta de construir um protocolo social aberto. Ela solicita apenas informações de contato; relativas a navegação na própria plataforma; e identificadores.

O fato de ter sido criada em código aberto também possibilita a desconcentração da manipulação de dados de usuários que hoje se encontram nas mãos das Big Techs como Meta e Google. Ela possui vários servidores, além do principal, e permite que cada indivíduo crie sua própria “rede social” independente. Como funcionalidades, ela permite postar textos curtos de 300 caracteres e imagens, mas não vídeos por enquanto.

A BlueSky pede na sua política de moderação que as pessoas não violem leis e nem desrespeitem outros usuários. Ela proíbe condutas extremistas com base em raça, gênero, etnia, deficiência ou orientação sexual, mas as normas valem apenas para o servidor principal da Bluesky e não para outras redes hospedadas no seu protocolo AT. A rede possuía cerca de 100 mil usuários em maio deste ano.