Destino favorito dos esquiadores brasileiros nos EUA, Aspen é agora comandado também por um executivo nascido no Brasil. Depois de ocupar os cargos de managing director e de COO do The Little Nell Hotel Group, Alinio Azevedo foi anunciado como novo CEO da Aspen Hospitality, divisão hoteleira da Aspen Skiing Company. A empresa passou por um rebranding e tem metas ambiciosas de crescimento não apenas nas regiões dos Estados Unidos onde predominam os esportes de neve. Atualmente, a companhia opera quatro montanhas (Snowmass, Aspen Mountain, Aspen Highlands e Buttermilk), uma escola de esqui e snowboard, o hotel cinco estrelas The Little Nell e a rede Limelight, com duas unidades no Colorado e uma no Idaho. “O Brasil é nosso principal mercado internacional”, afirmou Azevedo à DINHEIRO. “Os brasileiros apreciam a qualidade da estrutura nas montanhas e a variedade das experiências oferecidas”. Segundo ele, os turistas com passaporte do Brasil respondem hoje por 45% das vendas internacionais ­— o que representa 15% do faturamento total da empresa.

A escolha de Azevedo para o cargo de CEO se deve em parte a essa concentração de conterrâneos, mas também aos méritos do executivo. Engenheiro formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, ele estudou na École Supérieure des Sciences Économiques et Commerciales, em Paris, e na Harvard Business School. Em 25 anos de carreira, trabalhou na área de aquisições e desenvolvimento de hotéis e resorts da rede Four Seasons, prestou consultoria imobiliária e hoteleira para a Ernst & Young em Miami e atuou no desenvolvimento de projetos do setor hoteleiro na América Latina, Europa e no Oriente Médio. Essa experiência se tornou estratégica para os próximos passos da expansão das marcas The Little Nell e Limelight. Desta ultima já estão previstas novas unidades em Mammoth, na Califórnia, e em Boulder, no Colorado. As inaugurações serão, respectivamente, no final de 2024 e início de 2025.

Segundo o proprietário da Aspen Skiing Company, Jim Crown, em breve serão anunciados outros empreendimentos do grupo. “Ao longo dos anos, nossa família investiu muito em ideias e pesquisa para a expansão da divisão de hotelaria da companhia”, disse Crown. “Estamos expandindo o portfólio do Limelight e do Little Nell para incluir também destinos urbanos desejados por nossos hóspedes”, afirmou, sem revelar quais cidades estão no radar. Na visão de Azevedo, além dos futuros lançamentos, há oportunidades para seguir crescendo nas montanhas onde a empresa opera. “A temporada está excelente. Já ultrapassamos o nível pré-pandemia e iremos avançar muito como negócio este ano”, afirmou o CEO da Aspen Hospitality.

O principal investimento da companhia para este ano foi na base da montanha de Buttermilk, que é a mais procurada por iniciantes na prática de esqui e por famílias com crianças. “Investimos nessa montanha porque ela serve como porta de entrada para quem nunca esquiou”, disse Azevedo. “Há muitos hóspedes que após viajar para uma estação de esqui querem se introduzir no esporte.” Para ele, o inédito patrocínio da plataforma de investimentos brasileira XP Inc. em Aspen Snowmass, iniciado nesta temporada, trouxe impacto positivo, “principalmente por fazer de Aspen um destino top of mind”. Isso porque quando o assunto é esqui, a competição com as estações da Europa é acirrada. “Em Aspen não temos família real esquiando, mas a neve é de alta qualidade. Na Europa não nevou até o início de janeiro”, afirmou o CEO da Aspen Hospitality. Mesmo sem família real, não faltam celebridades esquiando e curtindo a vida noturna das montanhas Rochosas dos EUA durante o inverno.

Mattpower

“A temporada está excelente. Já ultrapassamos o nível pré-pandemia e iremos avançar muito como negócio este ano. Fazemos a nossa parte para mostrar os diferenciais do destino” Alínio Azevedo CEA da Aspen Hospitality.

ESQUI AO LUAR Ainda que a qualidade e a quantidade de neve sejam fatores imponderáveis ao longo do tempo, sobretudo em virtude das mudanças climáticas, do ponto de vista do negócio Aspen leva uma grande vantagem sobre a concorrência europeia. Isso porque em nenhuma estação da França ou da Suíça há quatro montanhas que pertencem a um mesmo dono. “Pelo fato de sermos proprietários da operação e dos hotéis, podemos oferecer privilégios exclusivos, como abrir as pistas apenas para hóspedes ou promover experiência como o esqui ao luar”, disse Azevedo. Ele destaca ainda como diferencial competitivo a atenção ao público, seja para os esportes de neve ou para o lifestyle da montanha. “Nosso foco é a qualidade dos serviços e temos ouvido que a melhor escola de esqui do mundo é a de Aspen”, disse.

Para quem não pretende se tornar um expert nas pistas nevadas, há ainda atrativos como a oportunidade de jantar em um chalé no alto da montanha com curadoria gastronômica The Little Nell, que possui uma adega com 40 mil garrafas. “Fazemos a nossa parte para mostrar os diferenciais do destino”, disse o brasileiro que está no topo de Aspen — e quer levar mais gente para lá.