O conceito de condomínio fechado permeou o modelo de negócio do E-business Park, um complexo empresarial localizado no bairro Lapa, na zona oeste da capital paulista, montado a partir de 2004, quando a alemã Siemens saiu do local e vendeu o espaço para um grupo de investidores. Fechado porque o acesso é rigoroso e controlado — no formato de campus, com portaria e segurança 24 horas por dia, sete dias da semana — liberado apenas para funcionários e convidados das cerca de 30 companhias instaladas no espaço de 160 mil metros quadrados.

Entre as empresas que funcionam ali estão Nokia, GE, Lenovo, EDP, Teleperformance, Henkel e Mauricio de Sousa Produções. Uma minicidade onde circulam 10 mil pessoas diariamente, que usufruem de espaço para eventos e convenções, praça de alimentação com 13 restaurantes, farmácia, supermercado e agência bancária.

Agora, o E-business Park quer abrir suas portas para mostrar ao público tudo isso e os projetos artísticos, de sustentabilidade, de segurança e de estrutura financeira imobiliária que envolvem o condomínio. “Em respeito à sociedade, queremos passar um pouco do que a gente sabe em inovação e que colocamos em prática nesses 20 anos de administração”, disse à DINHEIRO Sidney Angulo, um dos proprietários e diretor do E-business Park, ao revelar que em duas décadas foram investidos cerca de R$ 500 milhões no local.

A ideia — que está sendo desenhada e em breve será colocada em prática de maneira gradativa — é abrir o condomínio, a princípio de sexta a domingo, para atividades de escolas e grupos interessados nos temas que o E-business tem a oferecer. O propósito, de prestar um serviço social, de fato existe. Mas, tangencialmente, o projeto também servirá como uma vitrine para divulgação e branding do espaço, que antes da pandemia tinha menos de 4% de espaços ociosos. Com as restrições de circulação impostas para contenção da Covid-19, foi para 18%. Hoje está em 16%.

ATRATIVOS

Entre os investimentos que estão no pipeline e que serão um dos atrativos da visitação ao E-business Park estão R$ 25 milhões para implantar 30 mil metros quadrados de placas de energia solar nos telhados dos prédios do campus, até 2030. Hoje, a energia elétrica do espaço já é 100% limpa, a partir de contrato com a EDP para fornecimento de 9.855 MWh por ano, até 2026, provenientes de fontes renováveis, por meio do mercado livre de energia.

Além disso, dentro do condomínio existe uma estação de distribuição de energia. Captação de água da chuva para reuso, a partir de 50 mil metros quadrados de telhados, é outro projeto destacado pelo diretor na área ambiental. “Temos um sistema para captar a água, tratá-la e deixá-la apta para utilização em rega de vegetação e lavagem das ruas internas”, disse Angulo.

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“Em respeito à sociedade, queremos passar um pouco do que a gente sabe em inovação e que colocamos em prática.”
Sidney Angulo, diretor do E-business Park

Além da questão da sustentabilidade, o E-business Park visa ser um atrativo no quesito artístico. Por lá, a Mauricio de Sousa Produções já faz sucesso e atrai centenas de pessoas mensalmente em suas visitas guiadas – em trabalho individual da empresa. Angulo vê potencial para ampliar essa vertente para todo o condomínio, que possui exemplares da Mônica Parade por todo o espaço e alguns rinocerontes, no mesmo estilo.

Um painel de 70 metros de cumprimento do muralista brasileiro Kobra, famoso mundialmente, está em uma das paredes do local. O conjunto de obras será incrementado para ser “uma grande galeria de artes a céu aberto”, ao melhor estilo do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG) – obviamente, guardadas as devidas proporções. “Temos obras do Cássio Lázaro [artista plástico mineiro] e nossa ideia é convidar outros artistas nacionais para produzir arte e expor aqui”, disse Angulo, que tem Helio Seibel como sócio no empreendimento.

Há ainda uma outra linha de atração que o fundador do E-business Park visa explorar: sua expertise em investimentos imobiliários. Seria uma espécie de consultoria sobre construção e gerenciamento de edifícios, mas sem a intenção de obter lucro com isso. “Tem muita gente que investe em fundos imobiliários mas não sabe como funciona. Nós temos uma vasta experiência nisso”, ressaltou Angulo, que deixa de ser low profile para tomar a frente desse projeto de atendimento e abertura da estrutura do condomínio.