O ex-chanceler Celso Amorim, conselheiro próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez críticas contundentes à invasão russa contra a Ucrânia nesta quarta-feira, 9. Também ex-ministro da Defesa, ele defendeu que o uso unilateral da força não se justifica em nenhuma situação. “Eu sou contra o uso unilateral da força. Eu não posso condenar a invasão dos Estados Unidos no Iraque e depois aceitar outra invasão”, afirmou em “live” da Rede TVT.

O posicionamento de Amorim é diferente do assumido por grupos ligados a Lula, que responsabilizaram os Estados Unidos e o avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e não o presidente russo Vladimir Putin, pela guerra.

Já Amorim não concentrou críticas apenas aos EUA. Ele se disse abertamente contra o conflito e sugeriu que Putin se deixou “levar pela emoção”. Ainda que reconheça que a Rússia tenha razões para rechaçar a expansão contínua da Otan ao Leste, entrando em território da antiga União Soviética, o ex-ministro entende que o uso da força enfraqueceu a posição do presidente russo na defesa de suas demandas.

“Não dá para aceitar. Não adianta querer justificar que os EUA fizeram 20 vezes. Fizeram 20 vezes errado. Isso não justifica”, disse, reforçando que a ideia básica das Nações Unidas é de que a guerra não pode ser usada como fator de mudança nas Relações Internacionais.

No primeiro dia do conflito, a bancada do PT no Senado culpou os Estados Unidos pelo ataque da Rússia à Ucrânia. O registro que citava uma “política imperialista” americana chegou a ser publicado no Twitter da bancada do partido, mas foi apagado pouco depois. Outros nomes ligados à esquerda também culparam o presidente americano Joe Biden pelo ocorrido.

Bolsonaro

Assim como Lula, Amorim criticou a visita do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia, e questionou a presença de Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, na comitiva oficial.

“(Por que) Bolsonaro foi correndo para a Rússia nesse momento? Eu não sei, mas fico preocupado”, afirmou. Segundo o ex-chanceler, seria mais plausível a presença de outros filhos do presidente, como Flávio Bolsonaro (PL), que é senador, do que Carlos, que é vereador. “O que eles foram fazer lá? Pescar em águas turvas. Eu não acredito que o Putin nem o governo russo esteja participando de nada, mas é estranho.”, completou,