05/12/2017 - 20:45
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou nesta terça-feira (5) a representação por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Wladimir Costa (SD-PA). Em processo protocolado pelo PSB, ele respondia à acusação de ofensa e assédio à jornalista Basília Rodrigues, da Rádio CBN, durante uma entrevista no dia da votação de denúncia de corrupção contra o presidente Michel Temer.
Wladimir Costa ficou conhecido por ter feito uma tatuagem temporária com o nome de Michel Temer às vésperas da votação da denúncia. Na ocasião, ao ser indagado por jornalistas sobre a tatuagem que teria feito com o nome de Temer, o deputado respondeu a Basília com a seguinte frase: “Para você só [mostro] se for de corpo inteiro”.
Mesmo após apresentar parecer pela continuidade do processo, o relator do caso, Laerte Bessa (PR-DF), mudou de ideia e acatou o relatório divergente do deputado Mauro Lopes (PMDB-MG), que classificou o caso como uma resposta idiota e ainda disse que a jornalista era “imprudente” ao questionar Costa sobre o local da tatuagem. Para ele, não houve quebra decoro ou crime de assédio.
O parecer recomendando o arquivamento da representação foi aprovado por oito votos a cinco. Durante as discussões, a jornalista ainda acabou sofrendo mais ataques. Laerte Bessa chamou a profissional de “mal educada” e “abusada”, pelo fato de ela ter o procurado por telefone para tratar do assunto. Após o episódio, ocorrido em agosto, Wladimir Costa utilizou o Facebook para publicar fotos da jornalista e afirmar que não havia possibilidade de assediar a jornalista “porque fugia totalmente dos padrões estéticos que, supostamente, despertariam algum tipo de desejo em alguém”.
Na ocasião, o deputado expôs em seu perfil na rede social uma sequência de imagens de Basília e escreveu: “Pelo menos dos meus [padrões] fogem 1000% e também creio que fogem dos interesses padrões que outros homens, possam sentir por uma mulher”.
O deputado acusado fez sua defesa pela primeira vez na sessão desta terça-feira. Wladimir Costa disse que tudo ocorreu em um momento de brincadeira, que se dirigiu a vários jornalistas e não diretamente a uma pessoa e que falar em mostrar o corpo todo não foi assédio porque isso não implicaria nudez.
Outra representação contra o parlamentar paraense também foi arquivada. Trata-se do processo em que ele é acusado de usar o grupo de WhatsApp da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para atacar a deputada Maria do Rosário (PT-RS) por meio da veiculação indevida de imagem da filha dela. Por nove votos a quatro, os deputados aprovaram o relatório do deputado João Marcelo Souza (PMDB-MA) pelo arquivamento da representação.
*Colaborou Samanta do Carmo, repórter do Radiojornalismo